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SILVIO OSIAS

O Velho e o Rio é sensível retrato de Gonzaga Rodrigues

Publicado em 03/08/2023 às 6:15 | Atualizado em 04/08/2023 às 15:09


                                        
                                            O Velho e o Rio é sensível retrato de Gonzaga Rodrigues

O Velho e o Rio (Foto/Reprodução TV Cabo Branco) é um sensível retrato do jornalista Gonzaga Rodrigues tirado pelo publicitário Alberto Arcela. Numa certa medida, tem algo de um autorretrato, posto que é o próprio homenageado que conta a história da sua vida. Nesse caso, se assim quisermos, um autorretrato de Gonzaga tirado através dos olhos de Arcela.

A primeira exibição do documentário que marca os 90 anos de Gonzaga Rodrigues foi nesta quarta-feira (02) à noite, no Cine Banguê, para uma plateia de convidados. No sábado, cinco de agosto, será exibido às duas da tarde pela TV Cabo Branco, em justíssima homenagem da emissora ao jornalista e aos 438 anos da cidade de João Pessoa.

De Alagoa Nova à Academia Paraibana de Letras. O filme percorre esse caminho, que é o caminho da vida de Gonzaga Rodrigues. A infância, a formação, o autodidatismo, a chegada a João Pessoa, o jornal A União, a tuberculose, o golpe de 64, o Ponto de Cem Réis, a religiosidade - os temas vão se sucedendo na construção da narrativa, sob imagens bonitas e áudio bem captado.

Gonzaga Rodrigues é o personagem principal, mas não é o único em O Velho e o Rio. Há Amanda Falcão, jornalista que faz o papel de Lígia Telles, uma youtuber que entrevista Gonzaga. Jovem e bela, é a ela que Gonzaga conta a história da sua vida. É com ela que Gonzaga vai a Alagoa Nova e visita os pontos marcantes de João Pessoa, a cidade que se tornou sua desde que para cá veio em 1951.

Depois da exibição, confessei a Amanda Falcão o meu temor de que não desse certo o encontro de Gonzaga com ela no filme. Mas acho que deu. Estabelece com delicadeza uma ponte do passado dele com o presente dela. Talvez torne a história atraente para a fatia do público que não é contemporânea do tempo de Gonzaga Rodrigues.

Maçou. Provocou enfado. Na hora dos cumprimentos, terminada a sessão, Gonzaga me fez essa pergunta: "Maçou?". E observei que fez a outras pessoas que foram abraçá-lo, preocupado com o fato de que é ele próprio que conta a sua história. Não maçou, foi o que respondi. A fala de Gonzaga, com o jeito de homem do povo que nunca o abandonou, é fluente e irresistível.

Na redação de A União, convivi com Gonzaga Rodrigues quando ele ainda não tinha 50 anos. Já era um professor dos que assim o queriam. Sempre gostou de falar e de ser ouvido. Em A União de há mais de 40 anos, conversava muito sobre a vida e o ofício que escolheu. Mais ou menos como o faz agora nesse filme, cheio de experiência e sabedoria. Eram (são) suas aulas.

É particularmente tocante a sequência do homem velho diante da perenidade do rio. O rio que foi o caminho feito pelos fundadores. O rio que é caminho essencial ao processo civilizatório. O filme fecha com o tema da religiosidade. Um comunista falando sobre a relação do homem com a religião, encontrando conciliação onde esta não parece existir. Gonzaga Rodrigues é um homem imenso.

Imagem ilustrativa da imagem O Velho e o Rio é sensível retrato de Gonzaga Rodrigues

Silvio Osias

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