SILVIO OSIAS
"Os idiotas perderam a modéstia". O imenso Nelson Rodrigues morreu há 40 anos
Publicado em 21/12/2020 às 6:25 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:53
Nesta segunda-feira (21), faz 40 anos da morte de Nelson Rodrigues (foto: reprodução).
Tinha 68 anos.
Jornalista, cronista esportivo, dramaturgo, escritor, polemista, torcedor do Fluminense.
Nelson foi imenso em tudo o que fez.
Na ficção, desnudou o ser humano como só sabem fazer os grandes escritores, os grandes autores de teatro.
Se dizia um reacionário.
Era duramente criticado pela esquerda por ser de direita.
Também apanhava de gente da direita que o considerava obsceno.
Defendia a ditadura militar, mas teve uma profunda decepção quando Nelsinho, seu filho, foi preso e torturado.
Revolucionou o teatro brasileiro quando escreveu Vestido de Noiva. Foi um feito extraordinário.
Em jornais, publicou folhetins incríveis, como a história de Engraçadinha.
Os textos sobre futebol vão muito além do futebol.
As crônicas permanecem vivas pela qualidade que têm como verdadeiras peças literárias.
Com seus personagens, frases e expressões, Nelson Rodrigues faz muita falta ao Brasil.
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Fecho com a transcrição de um trecho da crônica Os idiotas sem modéstia, de 1968, que está no livro O Óbvio Ululante:
"Os idiotas perderam a modéstia, a humildade de vários milênios. Eles estão por toda parte. São os que mais berram. O sujeito que passa numa esquina, numa retreta ou num velório é logo cercado de idiotas. As casacas são usadas pelos idiotas; as condecorações pingam dos idiotas. E, de mais a mais, são numericamente esmagadores. Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos".
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