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SILVIO OSIAS

Os bons filmes fazem seres humanos melhores

Colunista sugere dois livros com textos do crítico americano Roger Ebert.

Publicado em 05/06/2025 às 7:14


				
					Os bons filmes fazem seres humanos melhores
Foto/Reprodução.

Kleber Mendonça Filho está em nossas cabeças por causa de O Agente Secreto, seu novo filme. Kleber entrou no meu radar quando escrevia no Jornal do Commercio.

Os filmes de Kleber Mendonça Filho me fazem pensar em crítica de cinema porque ele é do grupo de cineastas que vieram da crítica. O mesmo grupo de François Truffaut.

Mas há os que não trocaram a crítica pela realização de filmes. É o caso do americano Roger Ebert, a quem sempre volto através de dois livros lançados há anos no Brasil.

Sou de uma geração que cresceu lendo crítica de cinema antes ou depois de assistir a um filme. Começávamos por um grande nome daqui, Antônio Barreto Neto.

Em Campina Grande, havia Bráulio Tavares, que, aos 20 anos, no início da década de 1970, fazia crítica de cinema feito gente grande no Diário da Borborema.

Gostávamos de confrontar as opiniões de Ely Azeredo e José Carlos Avellar no Jornal do Brasil. Um era o oposto do outro. Azeredo, mais conservador. Avellar, nada conservador.

Também líamos Sérgio Augusto. Depois, Inácio Araújo. Todos, certamente, devedores de Antônio Moniz Vianna, cujos textos Ruy Castro compilou em Um Filme Por Dia.

Os de fora chegaram pelos livros. A grande Pauline Kael (seu nome é sinônimo de crítica de cinema nos Estados Unidos) e François Truffaut, que trocou as páginas do Cahiers du Cinema pelas lentes da Nouvelle Vague. E, claro, o mestre André Bazin.

Também professor de cinema, Roger Ebert começou a atuar em 1967 e só deixou de escrever em 2013, poucos dias antes de morrer devastado por um câncer que desfigurou seu rosto e comprometeu seus movimentos.

Quando lemos Roger Ebert, o que temos é um parâmetro de excelência da crítica de filmes. Texto impecavelmente bem escrito. De conteúdo rico, nem um pouco superficial, mas de fácil leitura. E de perfeito equilíbrio entre os aspectos subjetivos do olhar do autor e a objetividade dos fundamentos teóricos a que ele recorre.

Roger Ebert fundia a emoção do espectador (ele próprio ou seus leitores) sentado na sala escura, assistindo a um filme, ao academicismo do professor que reunia seus alunos para rever um clássico restaurado e analisá-lo quadro a quadro.

A Magia do Cinema compila ensaios de Roger Ebert sobre 100 filmes. Necessariamente, não são os 100 maiores filmes de todos os tempos na visão do crítico.

Ele observa que “qualquer lista deste tipo redundaria numa tentativa insensata de sistematizar obras que têm o seu próprio valor intrínseco”.

Mas, abrindo mão da modéstia, reconhece que, quem pretender fazer um circuito entre os marcos do primeiro século do cinema, poderá muito bem começar pelo seu livro.

Mais 100 títulos estão nos ensaios de Grandes Filmes. Em dois volumes, 200 filmes analisados por Ebert com fotos de cena selecionadas por Mary Corliss.

Se quisermos, um breve (e não tão breve assim) curso de cinema para quem não teve o privilégio de ser aluno do crítico do Chicago Sun-Times.

Ebert começou a atuar numa época em que o crítico de cinema escrevia diariamente no jornal sobre um filme a que acabara de assistir. Os ensaios escritos muito mais tarde para os dois volumes de The Great Movies rompem com este modelo.

Os textos voltam ao passado e, naturalmente, não contêm mais os possíveis equívocos de uma leitura feita sob a pressão do horário de fechamento do jornal.

São distanciados, serenos, amadurecidos pela passagem do tempo. Enriquecidos pela dimensão que os filmes conquistaram à medida que envelheceram. Os bons filmes fizeram de nós seres humanos melhores. Roger Ebert tinha certeza.

Foto/Reprodução

Silvio Osias

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