SILVIO OSIAS
Por causa de Retratos Fantasmas, vamos passear pelos velhos cinemas de rua de João Pessoa?
Publicado em 22/08/2023 às 8:54
Retratos Fantasmas, o novo filme de Kleber Mendonça Filho, me leva agora a um conjunto de fotografias feitas numa tarde de domingo do ano de 1997. Naquele dia de 26 anos atrás, fiz um passeio por João Pessoa para ver o que restava dos velhos cinemas de rua e fui fotografado diante de cada um deles. Como o filme de Kleber trata dos cinemas de rua do Recife, posto, na coluna desta terça-feira (22), não todas, mas algumas dessas fotografias.
Atualmente, João Pessoa tem mais de duas dezenas de salas de exibição, distribuídas em quatro shoppings e no Espaço Cultural. São bem instaladas, confortáveis, boa qualidade de áudio e vídeo, equipamentos modernos, mas seguem um padrão que as torna muito parecidas, frias, não personalizadas, sem uma assinatura. E, entre elas, não há mais nenhum cinema de rua.
No tempo dos cinemas de rua (a foto principal é do majestoso Cine Rex), a gente conhecia o exibidor, o gerente, o bilheteiro, o porteiro, o projecionista, o cara da lanterninha, o funcionário que trocava o letreiro no fim da noite, até o fiscal de menores, que era uma preocupação de quem queria burlar a classificação etária.
Não é nostalgia, é somente constatação: os cinemas de rua são de um tempo em que a relação das pessoas com o cinema era diferente da que temos hoje. Só sabe mesmo quem foi contemporâneo e frequentou essas casas exibidoras. Retratos Fantasmas nos transporta por uma extraordinária viagem sentimental.
Seguem as fotografias de 1997:
Jaguaribe. Cine Santo Antônio. Tinha um pequeno pátio. Na época da foto, era um supermercado. Hoje, abriga a Casa da Cidadania.
Jaguaribe. Cine São José. Ficava no prédio do Círculo Operário. Virou uma oficina de carros.
Cruz das Armas. Ou: entre Jaguaribe e Cruz das Armas. Cine Bela Vista. O meu primeiro filme (Cinco Semanas Num Balão) foi lá.
Varadouro. Cine Astória. Na Rua da República de um tempo em que muita gente ainda morava naquela área da cidade. Não conheci. Fechou em 1964.
Centro. Cine Rex. Durante anos, foi o cinema mais chique da cidade. Tinha o porteiro Etelvino. Prédio lindo, transformado em banco.
Centro. Cine Plaza. Outra sala chique de João Pessoa. Luxuosa mesmo. Cinema de grandes estreias. Na época dessa foto, estava sendo reformado para receber uma loja de sapatos.
Centro. Cine Municipal. O último dos grandes cinemas inaugurados nas ruas de João Pessoa e o último a fechar. Era um orgulho dos Wanderley, a família de exibidores. Abrigou o Cinema de Arte das quintas-feiras.
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