SILVIO OSIAS
Por que A União não relança Israel Rêmora para festejar os 80 anos de W.J. Solha?
Publicado em 05/01/2021 às 6:03 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:53
Se há algo de provocativo na pergunta do título, que seja uma provocação muitíssimo positiva.
Prefiro dizer que é uma sugestão à jornalista Naná Garcez, que comanda a EPC, empresa à qual pertence A União.
Antes, um pouco de memória.
Paulista de Sorocaba, Waldemar José Solha fez concurso para o Banco do Brasil e, com pouco mais de 20 anos, no início da década de 1960, veio trabalhar em Pombal, no Sertão da Paraíba.
O banco era bom para a sobrevivência, mas era pouco para as inquietações de W.J. Solha.
Escritor (prosa e verso), autor de teatro, ator, artista plástico, Solha veio e na Paraíba ficou.
Na primeira metade dos anos 1970, ele começou a escrever um romance. Estava falido por causa da produção de O Salário da Morte (primeiro longa-metragem genuinamente paraibano) e trocou o cinema pela literatura.
Quando o texto ficou pronto, pediu uma avaliação a Jurandy Moura, que entendia do assunto.
Jurandy leu, não gostou e aconselhou que Solha abandonasse o original por uns seis meses e, mais tarde, tentasse reescrever.
O autor aceitou o conselho e, ao reescrever a obra, resolveu submetê-la a Antônio Barreto Neto, que também entendia do assunto.
Barreto sugeriu que Solha inscrevesse o livro no Prêmio Fernando Chinaglia e comentou:
"Se você não for o vencedor, não acredito mais nesses concursos".
Israel Rêmora ou O Sacrifício das Fêmeas ganhou o prêmio, confirmando o feeling de Barreto, e foi editado pela Record.
É um grande romance. Os que leram sabem do que estou falando.
Está fora de catálogo e, eventualmente, pode ser encontrado em sebos.
Pois bem, Solha fará 80 anos em maio, e daí a minha pergunta:
Por que A União não relança Israel Rêmora ou O Sacrifício das Fêmeas para festejar os 80 anos de Solha?
Ele é um artista que orgulha a Paraíba, e a homenagem seria justíssima, além de notável contribuição à nossa memória literária.
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