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SILVIO OSIAS

Que Leão XIV seja uma força do bem que os Estados Unidos mandam para o mundo

Testemunhar a escolha de um papa é ver a passagem da História em nossa frente.

Publicado em 09/05/2025 às 9:02


				
					Que Leão XIV seja uma força do bem que os Estados Unidos mandam para o mundo
Foto/Reprodução/Vaticano.

O Encouraçado Potemkin está fazendo 100 anos agora em 2025. É um filme propaganda da então novíssima União Soviética, mas é uma obra-prima do cinema.

Da última vez em que revi o filme de Serguei Eisenstein, pensei assim: é a História passando na minha frente. A História através de uma manifestação da arte.

Em janeiro de 2009, parei tudo para ver, pela TV, a posse de Barack Obama. A materialização do que era impensável: um afroamericano presidente dos EUA.

Ali não era uma manifestação da arte, como no filme de Serguei Eisenstein, mas da política dos homens. E era a passagem da História diante dos meus olhos.

É com esses mesmos olhos que vejo um Conclave. Como vi agora esse que transformou o cardeal americano Robert Francis Prevost em Leão XIV, o novo papa.

Leão XIV tem 69 anos, quatro a mais do que eu. O que reforçou a tese de que posso ter testemunhado o último Conclave da minha vida. Mas nunca se sabe.

O antiamericanismo nunca me pareceu atraente. Os grandes impérios da humanidade também produzem forças e vozes que representam o bem, não só o mal.

Gosto sempre de pensar nas expressões da arte dos homens para não ser anti isso, anti aquilo. Tanto posso admirar os americanos quanto posso detestá-los.

O jazz, a maior expressão da música popular que o mundo conhece, veio dos pretos dos Estados Unidos e misturou ancestralidade africana com instrumentos europeus.

"Os americanos representam boa parte da alegria existente neste mundo". Isso é Caetano Veloso numa música sem melodia - Americanos - do início dos anos 1990.

Era o tempo de Thatcher no Reino Unido e Reagan nos Estados Unidos. Era o tempo da derrocada do bloco socialista, da nova ordem mundial e do papa João Paulo II.

E segue Caetano, poeta que pensa bem como os grandes poetas costumam pensar: "Americanos são muito estatísticos/Têm gestos nítidos e sorrisos límpidos/Olhos de brilho penetrante que vão fundo no que olham/Mas não no próprio fundo".

Ainda Caetano: "Para os americanos, branco é branco, preto é preto/E a mulata não é a tal/Bicha é bicha, macho é macho/Mulher é mulher e dinheiro é dinheiro".

Ou: "Americanos não são americanos/São velhos homens humanos/Chegando, passando, atravessando/São tipicamente americanos". E, finalizando a música sem melodia: "Americanos sentem que algo se perdeu/Algo se quebrou, está se quebrando".

Nesta quinta-feira, 08 de maio de 2025, nos 80 anos da derrota do nazifascismo pelas forças aliadas, vi, mais uma vez, a História passando diante dos meus olhos.

A fumaça branca saindo pela chaminé da Capela Sistina me emocionou mais do que a primeira imagem do novo papa na sacada da Basílica de São Pedro.

Lembrei de Bento XVI em 2005. Lembrei de Francisco em 2013. A primeira imagem de um novo papa vem sempre carregada de interrogações, e ontem não foi diferente.

A Igreja Católica é uma instituição poderosa e complexa com dois mil anos de história. Para o bem e para o mal, com virtudes e pecados, não há como ignorá-la.

Só o tempo dirá como será esse capítulo chamado Leão XIV. O mesmo tempo que, em 12 anos, nos disse quem foi o cardeal Bergoglio feito papa Francisco.

De todo modo, Leão XIV parece estar para Francisco como Paulo VI esteve para João XXIII. Uma certa moderação após um choque transformador.

Não me contamino por sentimentos antiamericanistas. Nem por teorias da conspiração, mesmo num momento em que muita coisa assustadora está vindo dos EUA.

Já há uma grande força do mal que ora os Estados Unidos mandam para o mundo. Só desejo que o papa Leão XIV, sendo o inverso disso, seja uma força do bem.

Foto/Reprodução/Vaticano

Silvio Osias

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