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SILVIO OSIAS

Raul Seixas era ou não era um plagiador? Cartas para a coluna

Publicado em 28/06/2020 às 9:37 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:36

Se estivesse vivo, Raul Seixas faria 75 anos neste domingo (28).

Ele era ou não era um plagiador?

Dou minha opinião neste post.

Vindo de uma passagem pela Jovem Guarda, no início da década de 1970 ele deixou de ser chamado Raulzito para se projetar como uma das grandes expressões do rock brasileiro. O disco Krig-Ha Bandolo!, que o consagrou em 1973, não faz parte apenas das antologias do pop/rock nacional. É, com suas qualidades e seus defeitos, um dos discos fundamentais da nossa música popular.

Sou contemporâneo da explosão de Raul Seixas. Ouvi Krig-Ha Bandolo! com o entusiasmo da época e, logo em seguida, Gita. Mas não acompanhei sua trajetória com o interesse que tive pelos dois primeiros discos. Fui ouvi-lo de novo muito mais tarde. E já com o devido distanciamento.

Gosto de Raul sem concordar com alguns elogios que lhe são feitos. Não sou um admirador incondicional. Nem faço parte do grupo que o tem como um verdadeiro pensador, um filósofo. Claro que não. Prefiro enxergar nele um rocker talentoso e inteligente que promoveu o encontro de Elvis Presley com Luiz Gonzaga (dois dos seus ídolos) e obteve êxito nesta mistura maluca e improvável.

Antes de Krig-Ha Bandolo!, Raul Seixas frequentou as paradas com uma música que já confirmava esta fusão. Era Let Me Sing, Let Me Sing. Suas fontes eram de facílima identificação: de um lado, o rock primitivo dos anos 1950 e também as baladas da época; do outro, os ritmos nordestinos. No meio, um certo mau gosto (alguns chamarão de brega), oriundo do seu vínculo com a Jovem Guarda. Ou da admiração por um lado bem popularesco da nossa canção.

Os ingredientes que Raul jogava em seu caldeirão sonoro levaram muita gente a considerá-lo genial. Um exagero. Ele era apenas suficientemente habilidoso para fazer a mistura e superar suas limitações.

No blues, e depois no rock primitivo, os riffs e as melodias se repetem. Ganham novas letras, como se fossem outras músicas, e ninguém é chamado de plagiador. Raul Seixas usou e abusou do método.

Vamos conferir:

A Verdade Sobre a Nostalgia parece uma versão de My Baby Left Me. A introdução de Rock do Diabo é igual à de Honey Don’t. O refrão de Gita é como o de No Expectations, dos Rolling Stones. As Minas do Rei Salomão dá a impressão de que estamos ouvindo o Dylan de I Want You.

Tem mais:

S.O.S. remete a Mr. Spaceman, dos Byrds, e Dia da Saudade, a Get Back, dos Beatles. Meu Amigo Pedro lembra um dos temas que Dylan compôs para o filme Pat Garrett &Billy the Kid. Algumas vezes, ele exagerava. Ave Maria da Rua incomodará o ouvinte se este pensar em I'll Be All Right.

Uma frase de Raul fala de quem ele era: “finjo que sou cantor e compositor e todo mundo acredita”.

*****

Este texto foi publicado anteriormente nos 30 anos da morte de Raul Seixas.

Imagem ilustrativa da imagem Raul Seixas era ou não era um plagiador? Cartas para a coluna

Silvio Osias

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