SILVIO OSIAS
Saída de Reinaldo Azevedo acentua direitização da Folha. Na despedida, colunista cita Caetano
Publicado em 22/09/2023 às 9:10
Reinaldo Azevedo (Foto/Reprodução) assina artigo na Folha de S. Paulo às sextas-feiras. Ou melhor: assinava. Nesta sexta-feira, 22 de setembro de 2023, ele publicou sua última coluna. E, na despedida, citou a letra de O Quereres, de Caetano Veloso.
Reinaldo escreveu: Esta era a minha terceira jornada nesta Folha. Chega ao fim. Por quê? Não é por falta de leitores, sabemos todos. Recomendo que ouçam "Quereres", de Caetano. Eu e o jornal nos olhamos e nos dissemos: "Eu te quero (e não queres) como sou/ Não te quero (e não queres) como és".
Nesse recado aos leitores e ao próprio jornal, diria que Reinaldo foi muito mais sutil do que enigmático.
Reinaldo Azevedo é um dos grandes jornalistas brasileiros. E não é agora, que defende o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já era quando se notabilizou como crítico feroz do PT.
À direita, ao centro, à esquerda. Não importa. Esse cara brilhante, trotskysta na juventude e mais tarde execrado pela esquerda, joga muitíssimo bem em qualquer posição. Hoje, na defesa de Lula e do seu governo.
Não vou me estender. Não carece. Um dia desses, a Folha perdeu Jânio de Freitas. Outro dia foi Cristina Serra. Agora, Reinaldo Azevedo. Perdem, na verdade, os leitores que, no exercício da sua cidadania, pertencem ao campo democrático.
O processo de direitização da Folha de S. Paulo é claro. Empobrece o jornal e o jornalismo brasileiro.
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