SILVIO OSIAS
Sempre teremos o Pedra do Reino. Pelo menos como memória afetiva
Publicado em 15/07/2020 às 8:59 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:35
Na segunda metade dos anos 1970, o Teatro Santa Roza já era pequeno para João Pessoa. Tinha cerca de 500 lugares e não comportava mais grandes espetáculos vindos de fora nem os shows de MPB que por aqui passavam.
No começo dos anos 1980, o Espaço Cultural não resolveu o problema. As 800 poltronas do projeto original do Teatro Paulo Pontes também eram insuficientes, tirando a cidade de um circuito do qual o Recife fazia parte.
A solução veio mais de três décadas depois.
Projetado por Cássio Cunha Lima, licitado por José Maranhão e executado por Ricardo Coutinho, o Centro de Convenções Poeta Ronaldo Cunha Lima deu a João Pessoa um teatro à altura dos melhores teatros brasileiros. Uma sala moderna com quase 3.000 lugares.
O Teatro Pedra do Reino foi inaugurado em agosto de 2015. Botou João Pessoa no circuito dos grandes shows da música popular brasileira.
Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Djavan, Gal Costa, Maria Bethânia, Bibi Ferreira, Ney Matogrosso, Erasmo Carlos, João Bosco, Alceu Valença, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Adriana Cancanhotto, Os Paralamas do Sucesso, Titãs, Toquinho, Ivan Lins, MPB-4 - todos subiram ao palco do Pedra do Reino, alguns com casa cheia.
Até Roberto Carlos, tivemos o privilégio de ver num teatro e não nessas casas de shows desconfortáveis e com acústica miserável.
A pandemia do novo coronavírus me faz pensar nos shows do Pedra do Reino.
Eles serão devolvidos no novo normal?
Quando os teremos de volta?
Esperaremos pela vacina?
Iremos de máscara?
Será necessário retirar parte das poltronas?
Teremos medo uns dos outros?
O artista terá medo da plateia?
Os fãs ainda farão fila para o abraço e a foto no backstage?
Quem sabe?
Os que, como eu, já passaram dos 60, talvez nunca mais queiram voltar ao Pedra do Reino.
Já viram tudo. Ou quase tudo.
E, no fundo, sempre terão os shows incríveis do Pedra do Reino.
Pelo menos, como memória afetiva.
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