SILVIO OSIAS
Será que, na Funjope, Marcus Alves vai dialogar com quem não votou em Cícero Lucena?
Publicado em 28/12/2020 às 7:12 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:53
Maurício Burity esteve à frente da Funjope durante os dois mandatos do prefeito Luciano Cartaxo.
Sem ele, talvez não tivéssemos o Festival Internacional de Música Clássica.
Agora em 2020, apoiou Nilvan Ferreira. Minha opinião? Não devia.
Com a eleição de Cícero Lucena, sai Maurício, entra Marcus Alves.
Nas redes sociais, pensando em benefício, gente da cultura aplaude com entusiasmo a escolha como se o aplauso fosse tudo. Não é.
Marcus Alves é jornalista graduado, tem mestrado em Comunicação Social, doutorado em Sociologia. É professor, escritor, poeta. Há pouco, quis entrar para a Academia Paraibana de Letras.
Um currículo notável. Em tese, tanto o credencia ao cargo quanto confirma que o futuro prefeito foi feliz na escolha.
Até 2012, Marcus Alves estava associado ao mundo acadêmico e à sua produção intelectual.
Naquele ano, entrou para a política. Coordenou a campanha vitoriosa de Luciano Cartaxo e foi seu primeiro secretário de Comunicação. Na condição de editor chefe da TV Correio, lidei com ele na campanha e na Secom e guardo a impressão de que lhe faltava habilidade. Ficou pouco tempo.
Marcus era um cara protegido pelas ideias da academia. Na política, teve que assumir um pragmatismo que parecia não combinar com o seu perfil. Também foi levado a direitizar-se, pelo menos um pouco. E é assim que chega à Funjope.
Ele manterá o Festival Internacional de Música Clássica ou acabará com o evento porque este vem da gestão anterior?
Ele fará renascer o Auto de Deus, criado por Cícero em sua primeira passagem pela prefeitura de João Pessoa?
Ele fará o que com a Casa da Pólvora, que ia tão bem enquanto gerida pelo jornalista Chico Noronha?
Fará isso? Fará aquilo?
O mais importante é uma outra coisa, que está na pergunta do título da coluna.
Governos perseguem artistas e produtores culturais porque destes não receberam apoio em suas campanhas. É um retrato do nosso atraso.
Já vimos gente ficar de fora dos eventos públicos porque não apoiou explicitamente essa ou aquela candidatura. Como vimos gente ser muito beneficiada porque apoiou.
Então é essa a pergunta que deixo para Marcus Alves:
À frente da Funjope, ele vai dialogar com quem não votou em Cícero Lucena?
Mais do que dialogar, ele vai incluir essas pessoas nos eventos da Funjope?
Combinaria com o cara que conheci há muitos anos, quando ainda estava longe de ser atraído pelo jogo político.
Comentários