Seria Glenda uma autêntica heroína da classe trabalhadora?

Glenda Jackson morreu durante o sono nesta quinta-feira (15). Teve uma breve doença, anunciou seu agente. Dividida entre a carreira de atriz e a atuação no parlamento britânico, estava com 87 anos.

Glenda Jackson era filha da classe operária inglesa. Antes de ser famosa como atriz, foi balconista de uma farmácia. Depois de ser atriz, foi deputada. Trabalhista, claro, sendo fiel à sua origem.

Integrou a equipe de governo de Tony Blair no tempo em que Blair era respeitado. Rompeu quando ele se juntou a George Bush na guerra do Iraque.

Em sua atuação no parlamento, é lembrada pelo discurso crítico à política econômica de Margaret Thatcher, feito quando a chamada dama de ferro morreu.

O melhor de Glenda Jackson, e o que fica como legado, é a trajetória da atriz. Fez teatro no circuito amador, estudou dramaturgia e em seguida atuou profissionalmente. O teatro levou ao cinema.

A Glenda atriz que está guardada na minha memória afetiva é a de quatro filmes vistos no início dos anos 1970. Talentosa e bela, brilhou em Mulheres Apaixonadas, Domingo Maldito, Delírio de Amor e Um Toque deClasse. Por dois deles (Mulheres Apaixonadas e Um Toque de Classe ), levou o Oscar de Melhor Atriz, mas não foi às festas buscar as estatuetas.

Em Mulheres Apaixonadas e Delírio de Amor, foi dirigida pelo delirante Ken Russell. O primeiro exacerba o erotismo do original de D.H. Lawrence. O segundo aborda a homossexualidade do compositor russo Tchaikowsky.

A heroína da classe trabalhadora do título do post, fui buscar na canção Working Class Hero, de John Lennon. A interrogação é porque o beatle assegurava que herói da classe trabalhadora é algo que ainda está por existir.