SILVIO OSIAS
Shere Hite, que morreu aos 77 anos, escreveu um importante capítulo na história das mulheres
Publicado em 15/09/2020 às 6:12 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:54
Ainda a propósito da morte da feminista Shere Hite, posto texto da professora Nadia Farias dos Santos.
SHERE HITE: UMA REVOLUÇÃO CULTURAL
Nadia Farias dos Santos
Ela abalou as estruturas da sociedade e do universo feminino com suas pesquisas sobre a sexualidade. Em plenos anos 1970, seu relatório descortinava a realidade vivenciada por esse gênero, desconstruindo crenças e padrões sobre sexo e prazer, trazendo à tona as vozes de milhares de mulheres.
Shere Hite, nascida em Saint Joseph, Missouri/EUA, abdicou de sua cidadania americana, adotando a alemã, depois das repercussões de seus estudos. A onda de ódio enfrentada por ela ocasionou sua ida para a Europa, onde considerou que suas pesquisas seriam bem mais aceitas e compreendidas.
Como uma das pioneiras do feminismo, a bacharela e mestra em direito pela Universidade da Flórida desafiou e impactou a sociedade ao falar sobre como as mulheres atingem o orgasmo e que elas poderiam encontrar o prazer sexual por conta própria.
O Relatório Hite: um profundo estudo sobre a sexualidade feminina (1976) virou best-seller, sendo essa a sua primeira obra. Foi traduzido para diversos idiomas, vendendo mais de 48 milhões de exemplares, atraindo olhares conservadores e inconformados com as revelações trazidas por seus estudos. O Relatório Hite sobre os homens e sexualidade masculina (1981) e Mulheres e Amor: uma revolução cultural em progresso (1987), ambos foram duramente criticados por seu teor e por provocar reflexões sobre a forma como homens e, especialmente, mulheres pensavam e viviam sua sexualidade.
Hite morreu aos 77 anos em Londres, no último dia nove. Ela partiu deixando um legado de pesquisas que revolucionaram os estudos sobre a sexualidade. Contestou padrões, desafiou as mulheres a despertarem sobre seus corpos e sua liberdade sexual. Não se limitou, nem se amedrontou diante das ameaças de morte e dos ataques à sua pesquisa. Sem dúvida, ela escreveu um importante capítulo na história das mulheres.
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Nadia Farias dos Santos é integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Diversidade (Negedi) e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi), ambos do IFRN. Pedagoga, mestre em ensino (UERN), doutoranda em educação (UFPB) e docente do IFRN, campus Apodi.
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