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SILVIO OSIAS

Teu inferno é aqui, pessoa nefasta, diz esse grande rock de Gilberto Gil

Publicado em 04/07/2023 às 8:29


                                        
                                            Teu inferno é aqui, pessoa nefasta, diz esse grande rock de Gilberto Gil

Raça Humana é o título do álbum que Gilberto Gil lançou em 1984. Uma das suas grandes canções, que até hoje está no repertório dos seus shows, é desse disco. Refiro-me a Tempo Rei, sensibilíssima reflexão sobre a relação do homem com o tempo, com a vida e a ideia da finitude. Digamos que é a Oração ao Tempo, de Caetano Veloso, relida por Gil.

Em Raça Humana, Gil oferece reggae três vezes (Vamos Fugir, Indigo Blue, Raça Humana), o ritmo jamaicano que ajudou a difundir no Brasil, e faz uma releitura pop/anos 1980 de Luiz Gonzaga (Vem Morena). Não há de ser coincidência: Bob Marley e Luiz Gonzaga, dois dos seus ídolos, juntos no lado B do disco.

A Mão da Limpeza responde a um preconceito histórico, o velho ditado que diz que "negro, quando não suja na entrada, suja na saída". No livro Todas as Letras, Gil diz que responde a esse desaforo com contundência e eficácia.

Mas o que predomina no disco é o interesse do artista pelo rock brasileiro da década de 1980. Na sonoridade, na presença do músico e produtor Liminha e, sobretudo, nos três rocks vigorosos que abrem o lado A: Extra II (ORock do Segurança), Feliz Por um Triz e Pessoa Nefasta.

"Sou feliz por um triz, por um triz sou feliz". Aqui, explicitamente, Gil dialoga com um dos melhores rocks do Brasil, Pro Dia Nascer Feliz, do Barão Vermelho. "Estamos meu bem por um triz, pro dia nascer feliz" - cantava Cazuza (ou Ney Matogrosso) esse verso autoexplicativo no país que testemunhava os estertores da ditadura militar.

Pessoa Nefasta, o retrato que Gil tira de um ser absolutamente desprezível ("estranho personagem", como ele próprio define), recebeu uma interpretação política à época em que a música foi lançada. A pessoa nefasta era Paulo Maluf, diziam muitos fãs. Em 1984, Maluf era sinônimo do que havia de pior no cenário político nacional.

Mas Gil sempre disse que a pessoa nefasta não era Maluf nem ninguém. E podia ser qualquer um. "Era a encarnação do pessimismo, do baixo-astral brasileiro que, enfim, estava um pouco na figura do político...", comenta no livro Todas as Letras.

Quase 40 anos se foram, a música atravessou o tempo e, certamente, vimos muitas pessoas nefastas chegando e passando - outras permanecendo - na cena política brasileira. A letra não é para A ou B, mas pode caber em A ou em B. Como canção de exorcismo, traz o alento de que, no caso de algumas dessas pessoas nefastas, o inferno delas já é aqui.

Imagem ilustrativa da imagem Teu inferno é aqui, pessoa nefasta, diz esse grande rock de Gilberto Gil

Silvio Osias

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