SILVIO OSIAS
Tina Turner era deusa da música que só os pretos sabem fazer
Publicado em 25/05/2023 às 7:41 | Atualizado em 25/05/2023 às 9:13
Tina Turner morreu nesta quarta-feira (24) na Suíça, onde morava. Afastada dos palcos há algum tempo, enfrentou uma longa doença. O agente da cantora anunciou a morte, mas não a causa. Sabe-se, no entanto, que tinha câncer. Americana do Tennessee, Tina estava com 83 anos.
Bessie Smith, Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Mahalia Jackson, Dinah Washington, Nina Simone, Aretha Franklin, Tina Turner, Whitney Houston, Beyoncé. No blues, no jazz, no gospel, na soul music, no R & B, no rock - todas cantoras extraordinárias, todas negras, todas fazendo e deixando como legado a música que só os negros sabem como se faz.
Tina Turner foi do lixo ao luxo. Desde sempre uma grande cantora, comeu o pão que o diabo amassou quando formava dupla com o marido - Ike & Tina Turner era o nome da dupla. A música era incrível, mas a relação do casal, inaceitável. Tina apanhava de Ike, sofria abuso físico e psicológico, e não precisa dizer mais nada.
Quando pôde, Tina largou Ike e foi construir sua carreira. Longe dele, se transformou numa das maiores cantoras populares do mundo, vendendo milhões de discos e reunindo grandes plateias por onde passava com seu show.
Muitos chamam Tina de Rainha do Rock'n' Roll. Não era exatamente isso, embora cantasse rock muito bem. O Rolling Stone Ronnie Wood foi mais preciso ao usar a expressão Rock and Soul. Na verdade, era uma potentíssima cantora de soul music e R & B que aderiu ao pop com sonoridade e repertório bem adequados aos anos 1980, época em que esteve no auge do sucesso comercial.
Tina Turner deixa para as mulheres do mundo, sobretudo as que sofrem violência doméstica, o notável exemplo da coragem de dar a volta por cima. No seu caso, mandou Ike às favas, recomeçou a vida e, gloriosamente, venceu.
Mas deixa, principalmente, uma grande voz e uma singularíssima performance no palco. Uma diva, como se diz. Uma rainha. Uma verdadeira deusa.
Fecho com três momentos de Tina Turner: I've Been Loving You Too Long, cover de Otis Reding; Proud Mary, grande hit do início dos anos 1970; e Acid Queen, da ópera-rock Tommy.
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