SILVIO OSIAS
Tubarão faz 50 anos
Estreia brasileira do filme de Steven Spielberg foi no dia 25 de dezembro de 1975.
Publicado em 25/12/2025 às 14:30

25 de dezembro de 1975. Dia de Natal. Uma quinta-feira, tal como hoje, 25 de dezembro de 2025. Lá se vão, portanto, 50 anos.
25 de dezembro de 1975. Tubarão estreia nos cinemas brasileiros. Nos Estados Unidos, a estreia do filme de Steven Spielberg ocorrera seis meses antes, no verão de lá.
Naquela época, a corporação CIC - Cinema International Corporation - dominava parte expressiva do mercado mundial de filmes, sobretudo os americanos.
A CIC era a junção da Universal com a Paramount. Para lançar Tubarão, a Universal meteu medo nas pessoas sugerindo: "Antes de ir à praia, veja Tubarão".
Naquele dezembro de 1975, aos 16 anos, eu dava meus primeiros passos no jornalismo e assinei uma capa do caderno de cultura de A União. O título trazia para perto de nós o marketing da Universal. Ficou assim: "Antes de ir a Tambaú, veja Tubarão".
Hoje, meio século depois, confesso que acho ridículo o título que estampei na matéria de capa. Na época, pensei que era uma ideia inteligente. Fazer o quê?
25 de dezembro de 1975. Duas e meia da tarde. Estou no Cine Plaza, uma sala no centro de João Pessoa. A plateia completamente lotada. Sessão esgotada. Lá fora, em duas filas enormes, as pessoas esperavam a abertura das bilheterias para a próxima sessão.
Começa o filme. Madrugada de uma noite de verão em Amity, cidadezinha americana. À beira-mar, rapazes e moças namoram, bebem, fumam maconha, tocam violão, cantam. Uma moça corre para o mar e, completamente nua, se joga na água.
Nada para um lado, nada para o outro e, de repente, é puxada para o fundo por um tubarão. Na manhã seguinte, seu corpo desfigurado é encontrado na areia da praia.
A música é incrível. Melodicamente, um tema de poucas notas, mas muito impactante. John Williams, o autor, se inspirara no tema que, no início da década de 1960, Bernand Herrmann compusera para Psicose, de Alfred Hitchcock.
Tubarão começava a conquistar o público brasileiro naquele feriado do Natal de 1975. Já conquistara os americanos e se tornaria um campeão de bilheteria.

Em dezembro de 1975, quando Tubarão chegou aos cinemas brasileiros, Steven Spielberg tinha 29 anos e ainda era praticamente desconhecido.
Em 1971, aos 25 anos, dirigiu um telefilme depois lançado nos cinemas. Era Encurralado, um road movie original e perturbador exibido entre nós em meados de 1974.
Seu primeiro filme feito para cinema - Louca Escapada, de 1974, outro road movie - só foi exibido em João Pessoa depois do sucesso de Tubarão.
Tubarão era baseado num livro que Peter Benchley, um escritor novaiorquino, lançou em 1974. Li antes de ver o filme. O livro tem muita coisa que não está no filme, como, por exemplo, o caso extraconjugal de Ellen, mulher do chefe Martin Brody.
O filme é focado em três personagens: o chefe Brody (Roy Scheider), o pescador Quint (Robert Shaw) e o oceanógrafo Matt Hooper (Richard Dreyfuss). São eles que caçam o tubarão que mata banhistas e ameaça a temporada de verão de Amity.
Tubarão conquistou o público, mas a crítica não foi unânime. Lembro que o Jornal do Brasil deu cinco estrelas, mas, em outros jornais, muitos críticos não gostaram.
Hoje, 50 anos depois, Tubarão é um marco, tanto como realização cinematográfica, como pelo papel que desempenhou para a indústria do cinema de entretenimento.
Hoje, passado meio século, Steven Spielberg está com 79 anos. Faz tempo que é reconhecido como um dos grandes cineastas da geração revelada nos anos 1970.
Não por acaso, Tubarão é "personagem" de O Agente Secreto, o novo filme de Kleber Mendonça Filho. Em 1975, aos sete anos, Kleber não tinha idade para ver Tubarão. Do mesmo modo que o menino Fernando, um dos personagens de O Agente Secreto.

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