SILVIO OSIAS
TVs Cabo Branco e Paraíba exibem filmes paraibanos. É importante espaço para a produção do estado
Publicado em 01/09/2022 às 8:40
O primeiro momento muito importante da produção de cinema na Paraíba remete à virada da década de 1950 para a de 1960. Foi quando Linduarte Noronha realizou Aruanda. O curta-metragem ganhou projeção nacional, até internacional, e antecipou alguns elementos que seriam encontrados pouco depois nos filmes do Cinema Novo. Glauber Rocha, o maior de todos os cinemanovistas, ficou tão entusiasmado que chamou o realizador de Aruanda de Santo Linduarte.
Aruanda não foi uma produção isolada. Iniciou um ciclo de pequenos, mas significativos, registros documentais da nossa realidade. Como realizador, Linduarte Noronha não manteve o pique da estreia, dirigindo apenas mais dois filmes: o curta Cajueiro Nordestino e o primeiro longa genuinamente paraibano, O Salário da Morte. Mas, daquele grupo que se projetou a partir de Aruanda, surgiu Vladimir Carvalho. Tendo sempre o Nordeste como sua nave mãe e fixando residência em Brasília, Vladimir, agora com 87 anos, realizou muitos filmes de curta e longa duração, e se consolidou como um dos grandes documentaristas brasileiros.
Outro momento muito importante da produção de cinema na Paraíba é o que vivemos atualmente. Na realidade, já há alguns anos. Foi algo construído aos poucos por uma nova geração de pessoas interessadas em fazer filmes. Gente que teve, ao seu lado, o acesso mais fácil a equipamentos e, muitas vezes, a financiamentos que eram tão difíceis no tempo em que Linduarte Noronha fez Aruanda.
O fato é que esse desejo de fazer cinema entre nós foi renascendo aos poucos. Os primeiros filmes de Marcus Villar são um exemplo disso. Um evento como o Fest Aruanda foi e é um espaço significativo de divulgação e premiação do que é produzido no estado. O encontro de veteranos atores e atrizes de teatro com outros e outras que foram se revelando é mais um dado a considerar. O êxito dos novos filmes e a qualidade por eles ostentada acabou levando tanto um Fernando Teixeira quanto uma Ingrid Trigueiro, um Luiz Carlos Vasconcelos ou uma Suzy Lopes a atuar em filmes produzidos fora da Paraíba e em novelas da Globo.
Sintonizadas com a importância da produção de audiovisual que se tem atualmente no estado, as TVs Cabo Branco e Paraíba criaram um espaço novo em sua programação. É o Cine Paraíba, que exibirá filmes paraibanos nas madrugadas dos sábados para os domingos do mês de setembro. A estreia é com Desvio, de Arthur Lins, neste dia três. Depois vem Estrangeiro, de Edson Lemos Akatoy (dia 10). E mais: Rebento (Foto/Reprodução), de André Morais (dia 17) e Beiço de Estrada, de Eliézer Rolim (dia 24). É iniciativa louvável e pioneira das duas afiliadas Globo paraibanas.
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