SILVIO OSIAS
Um dos grandes compositores americanos não pode mais fazer show porque está ficando surdo
Publicado em 31/07/2023 às 6:25 | Atualizado em 31/07/2023 às 8:04
Paul Simon vai fazer 82 anos no dia 13 de outubro. Há uma notícia triste sobre ele: esse grande compositor popular dos Estados Unidos não pode mais fazer shows porque está ficando surdo. No estágio atual do processo de perda auditiva, ele já não consegue mais se apresentar ao vivo. Há pouco, Simon lançou 7 Psalms, um CD com canções inéditas.
Paul Simon é um dos grandes da geração de compositores populares projetados nos Estados Unidos a partir da década de 1960. Judeu de origem húngara, nascido em New Jersey, ele começou fazendo música inspirado na tradição folk. Formou dupla com outro garoto judeu, Art Garfunkel, colega de escola. O sucesso veio quando a gravadora deles, a Columbia, eletrificou uma versão acústica de The Sound of Silence, um dos temas do filme A Primeira Noite de um Homem. Simon compunha letras e melodias. Ele e Garfunkel cantavam. A dupla se desfez em 1970.
Em seu caminho individual, Paul Simon mostrou que a música dos Estados Unidos não lhe bastava. Ele tinha olhares voltados para o mundo. O primeiro grande sucesso do disco que lançou após o rompimento da dupla - Mother and Child Reunion - foi um reggae, a nova onda que os jamaicanos levaram para Londres e que começava se espalhar pelo mercado internacional de música pop.
Os que ouviram Paul Simon desde o início dos anos 1970, preferem, naturalmente, os discos que ele fez naquela década, mas seu grande passo foi a ida à África do Sul - então, sob um regime racista de minoria branca - para gravar um álbum com músicos negros que o mundo não conhecia.
Graceland foi lançado em 1986 e se transformou num êxito mais comercial do que artístico - o que me parece uma tremenda injustiça e um equívoco a ser reparado. Depois de Graceland, Simon gravou no Brasil. Teve Milton Nascimento no seu disco e esteve no disco de Bituca. Levou os tambores do Olodum para o estúdio e também para os palcos.
Simon sempre foi um melodista muito inspirado. Seus críticos depois de Graceland dizem que ele abriu mão da melodia em benefício do ritmo. Há algo de verdadeiro nessa afirmação. Mas é uma aspiração legítima do artista buscar outros caminhos, e Paul Simon o fez. Será que ele continua louco depois de todos esses anos? A pergunta vem da letra de uma das suas mais belas canções.
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