SILVIO OSIAS
Um dos rostos mais belos do cinema, Berger seduziu homens e mulheres e fez grandes filmes
Publicado em 19/05/2023 às 7:44
O ator austríaco Helmut Berger morreu em casa na madrugada desta quinta-feira (18), 11 dias antes de completar 79 anos. Ele estava afastado do cinema há algum tempo por causa de problemas de saúde. Segundo as agências de notícias, sua morte foi inesperada, mas tranquila.
A morte de Helmut Berger é uma notícia triste para os cinéfilos que, como eu, consolidaram na década de 1970 o gosto pelo cinema e pelos filmes e entenderam, desde cedo, que a produção americana era, sim, extraordinária, mas que havia muita vida inteligente fora dos Estados Unidos, sobretudo na Europa.
Berger tinha um dos rostos mais belos do cinema. Com sua beleza, na juventude seduziu muitos homens e muitas mulheres: do bailarino Rudolf Nureyev ao Rolling Stone Mick Jagger; das atrizes Ursula Andress e Florinda Bolkan às modelos Bianca Jagger e Jerry Hall.
Mas o ator teve um grande amor: o cineasta italiano Luchino Visconti, um dos maiores do século XX. Os dois se conheceram em 1964, quando Berger tinha somente 20 anos, e Visconti já se aproximava dos 60, e ficaram juntos até a morte do cineasta, em 1976.
Foi Luchino Visconti que botou Helmut Berger no cinema e a este deu grandes papéis em três filmes absolutamente extraordinários: Os Deuses Malditos (1969), Ludwig (1973) e Violência e Paixão (1974).
Dos três, prefiro Violência e Paixão. Berger é um jovem transgressor e ousado que chega para tirar a paz de um velho professor aposentado, amante de obras de arte, magistralmente interpretado por Burt Lancaster. Talvez um pouco como na vida real, se pensarmos no jovem impetuoso e viril que foi companheiro do velho cineasta, um esteta de origem nobre e formação marxista.
Também é inesquecível a sua presença em O Jardim dos Finzi Contini (1970), no qual interpreta o filho de uma família de judeus que logo será perseguida pelo nazismo. O Jardim dos Finzi Contini é uma obra-prima crepuscular de Vittorio De Sica, mestre do Neorrealismo.
Talento e beleza fizeram de Helmut Berger uma figura marcante do cinema europeu, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970. Sua imagem está muito bem guardada na nossa memória afetiva.
OS DEUSES MALDITOS
LUDWIG
VIOLÊNCIA E PAIXÃO
Comentários