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SILVIO OSIAS

Woody Allen, genial, mas cancelado, faz 90 anos

Cineasta comemorou aniversário neste domingo, 30 de novembro de 2025.

Publicado em 01/12/2025 às 5:42


				
					Woody Allen, genial, mas cancelado, faz 90 anos
Foto/Reprodução.

Não gosto de banalizar palavras como gênio e genial, mas é provável que genial caiba em Woody Allen, ao menos no universo em que ele atua escrevendo e dirigindo fimes.

Nascido Allan Stewart Konigsberg, no Bronx, Nova York, e fazendo cinema desde a década de 1960, Woody Allen fez 90 anos neste domingo, 30 de novembro de 2025.

Quando olho para os caras que são considerados grandes cineastas, penso logo em duas linhagens. A dos que foram grandes fazendo um filme atrás do outro e a dos que foram igualmente grandes construindo uma filmografia numericamente muito pequena.

Stanley Kubrick pertence ao segundo caso. Do renegado Fear and Desire ao inacabado Eyes Wide Shut, ou seja, de 1953 a 1999, foram tão somente 13 filmes.

Quentin Tarantino é outro dessa linhagem. De Cães de Aluguel a Era Uma Vez em Hollywood, de 1992 a 2019, são, por enquanto, apenas nove filmes.

Gênio consumado do cinema, Charles Chaplin, tirando os filmes de curta duração, deixou como legado 11 filmes, de O Garoto (1921) até A Condessa de Hong Kong (1967).

Stanley Kubrick, Quentin Tarantino, Charles Chaplin. Imensos, mas poucos, filmes. John Ford, Alfred Hitchcock e Steven Spielberg - esses são o inverso daqueles.

Muitos filmes, uma natural irregularidade, mas, na soma de tudo, grandes obras que os colocam, cada qual ao seu modo, entre os maiores nomes da história do cinema.

Woody Allen é dessa mesma linhagem. Desde que se consolidou como ator, roteirista e diretor, no início dos anos 1970, não parou mais de filmar e filmou muito.

Woody Allen fez filmes extraordinários - Annie Hall, Manhattan, Zelig - e fez filmes muito inferiores ao seu talento. Mas há o conjunto da obra. E esse é importante.

Voltando aos diretores de filmes e suas linhagens, me ocorre um outro perfil. O de um Pier Paolo Pasolini, por exemplo. Era mais um escritor, um poeta, um livre pensador do seu tempo, que se expressava fazendo filmes com singularíssima liberdade.

Woody Allen tem algo disso. Nele, há muito menos do artesanato de fazer filmes do que há em Ford, Hitchcock e Spielberg. Ou ainda em Kubrick e Tarantino.

Em Woody Allen, há o riso dos homens traduzido em filmes que, mesmo nos melhores momentos, não exibem o total domínio da narrativa que temos num Martin Scorsese.

Woody Allen é um mestre da comédia dos judeus novaiorquinos. Lembro de um artigo, de uns 50 anos atrás, em que Sérgio Augusto dizia que Jerry Lewis fazia a psicanálise da América em suas comédias. Talvez o mesmo possa ser dito dos filmes de Woody Allen.

Judeu como Woody Allen, Jerry Lewis fazia um outro tipo de comédia. Mais influenciado pelos comediantes clássicos, menos intelectualizado e, por isso, muito mais popular.

Woody Allen produz um humor culto, de quem quer fazer rir conversando sobre o homem e suas dores. Não é à toa que, de vez em quando, troca a comédia pelo drama.

Suas comédias são infinitamente melhores do que seus dramas. A cada novo drama que realizou, vimos que o seu desejo de ser Ingmar Bergman jamais se materializaria.

Woody Allen tem uma assinatura muito nítida. Faz filmes curtos, usa muitos números de jazz e adota sempre letreiros brancos sobre fundo preto em seus créditos. Nega que seus filmes sejam autobiográficos, mas é difícil crer que não esteja em seus personagens.

O seu melhor está no período que vai de Annie Hall (1977) a Hannah e Suas Irmãs (1986). Vencedor do Oscar de Melhor Filme na cerimônia de 1978, Annie Hall (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa) é a síntese mais perfeita do cinema de Woody Allen.

Mas há grandes filmes depois dessa fase de sua trajetória. Crimes e Pecados (1989), por exemplo. Ou, mais tarde, Match Point (2005) e Meia-Noite em Paris (2011).

Match Point e Meia-Noite em Paris são do tempo em que, sem grana para filmar na sua Nova York, Woody Allen foi para a Europa e, na Inglaterra, Espanha, França e Itália, conseguiu dinheiro fazendo de cidades europeias personagens dos seus filmes.

Seu casamento com Mia Farrow terminou muito mal. Ele se envolveu com uma filha adotiva de Mia e passou a viver com ela. Está com Soon Yi até hoje, mas não escapou de outra acusação de assédio feita pela atriz nem do cancelamento nas redes sociais.

Esses episódios marcaram muito negativamente a vida de Woody Allen, sobretudo o cancelamento dos últimos anos. Rejeitado por velhos admiradores, ele chegou aos 90 anos dividido entre as máculas da vida pessoal e os grandes filmes que realizou.

Foto/Reprodução

Silvio Osias

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