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SILVIO OSIAS

Zé Manoel está no Grammy latino. Ele é seu vizinho, e você ainda não parou para escutá-lo

Publicado em 29/09/2021 às 7:15


                                        
                                            Zé Manoel está no Grammy latino. Ele é seu vizinho, e você ainda não parou para escutá-lo

				
					Zé Manoel está no Grammy latino. Ele é seu vizinho, e você ainda não parou para escutá-lo

Saiu nesta terça-feira (28) a lista dos indicados ao Grammy Latino. Os vencedores serão conhecidos no dia 18 de novembro numa cerimônia em Las Vegas. Entre os indicados, destaco o CD Do Meu Coração Nu, do pernambucano Zé Manoel, que disputa na categoria de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira.

O álbum de Zé Manoel foi primeiro lançado nas plataformas digitais e só depois ganhou edição física. Saiu pelo selo Passadisco, de Fábio Melo, que atua no Recife. Fábio é proprietário da loja Passadisco e também do selo que lança álbuns que talvez nunca ganhassem edições físicas. Foi ele que me mostrou a música de Zé Manoel.

Descobri Zé Manoel no final de 2020, ouvindo o álbum Do Meu Coração Nu. O músico é pernambucano de Petrolina e tem 40 anos. Ouvi-lo remete a Tom Jobim, Johnny Alf, Sérgio Ricardo, João Donato, Marcos Valle, Francis Hime, Edu Lobo, Egberto Gismonti, Ivan Lins, gente que usou/usa o piano para compor. Mas encontraremos também Dorival Caymmi, que só compunha ao violão.

Em Do Meu Coração Nu, tudo é lindo, tudo está em seu devido lugar, uma canção conduzindo à outra, todas a nos arrebatar com suas melodias, harmonias, letras, arranjos. A canção morreu? - perguntei a Zé Manoel. Ele respondeu que não. Trabalha para ressignificar a canção. Pode ser a chave para entrarmos no seu trabalho.

Do Meu Coração Nu tem um conceito. É tudo afrobrasileiro, como define o maestro baiano Letieres Leite numa fala curta e grossa que antecede a faixa final do CD. "Baião é música de preto. Luiz Gonzaga era preto. Bossa Nova é branca só porque nasceu na Avenida Atlântica? Já passei o pente fino no piano de Tom Jobim" - e vai por aí o maestro Letieres, nos 50 e poucos segundos que nos separam de Adupé Obaluaê, arranjo dele.

Lembrei logo de Moacir Santos e dos afro-sambas de Baden e Vinícius e ainda do que Edu Lobo aprendeu quando, menino, passava férias em Pernambuco. Mas a força, ali e nas demais faixas, vem do extraordinário talento de Zé Manoel. As influências, as fontes, as matrizes - tudo lhe fez (faz) um bem danado. Tudo leva a sua assinatura. A assinatura de um músico excepcionalmente inteligente, criativo, singular.

Do Meu Coração Nu é disco de um artista engajado nas lutas dos negros, dos índios, das mulheres, dos que são perseguidos porque pertencem a uma religião de origem afrobrasileira. O discurso de Zé Manoel às vezes é explícito, às vezes é sutil, também é terno, ora melancólico, ora vigoroso.

Sua indicação ao Grammy Latino faz justiça à dimensão do seu álbum. Zé Manoel é pernambucano, anda por João Pessoa, é seu "vizinho", e você ainda não parou para escutá-lo. Não sabe o que está perdendo. Fecho com Canto Pra Subir, uma dilacerante canção de despedida.

Imagem ilustrativa da imagem Zé Manoel está no Grammy latino. Ele é seu vizinho, e você ainda não parou para escutá-lo

Silvio Osias

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