CULTURA
Som Livre reedita clássicos esquecidos da MPB em CD e streaming
Este mês saiu Geraldo Vandré, que traz o hino 'Pra não dizer que não falei das flores'. Obras de Chico Buarque e Toquinho também estão na lista.
Publicado em 24/02/2016 às 8:00
Dona do valioso catálogo da RGE, a Som Livre vem reeditando grandes clássicos esquecidos da MPB, tanto nos serviços de streaming (Spotify, Deezer etc.), quanto em CD, com seu conteúdo remasterizado e encarte (no caso do disco físico).
Este mês saiu Geraldo Vandré, em streaming e CD. Disco que a RGE colocou nas lojas em 1979 é, na verdade, o LP de 1966 (lançado pela Som Maior) acrescido do single Pra não dizer que não falei das flores (Caminhando) que, lançado em 1968, foi rapidamente recolhido pelo repressivo governo militar.
Liberado em 1979 graças à anistia, a RGE, que já tinha o catálogo da Som Maior, aproveitou a deixa para relançar o álbum de Vandré, acrescido do single, que nada mais é que uma versão ao vivo - a histórica performance na final do Festival Internacional da Canção de 1968 - e a gravação de estúdio do famoso hino.
"Antônio Carlos Jobim e Chico Buarque de Holanda merecem o nosso respeito. A nossa função é fazer canções. A função de julgar, nesse instante, é do juri que ali está", vocifera Geraldo Vandré, do palco, em meio as vaias do público, inconformado por ‘Caminhando’ ter perdido para ‘Sabiá’. “A vida não se resume em festival”, Vandré pronuncia a histórica frase, antes de cantar a 2ª colocada do festival daquele ano.
Terceiro disco de carreira do paraibano, Geraldo Vandré, o LP, reúne composições autorais que vinham fazendo sucesso em cima dos palcos a partir de 1960. É dessa época, por exemplo, ‘Quem quiser encontrar o amor’, um flerte com a bossa nova composta por ele e Carlos Lyra.
O disco também traz parcerias com Baden Powell (‘Rosa flor’), Fernando Lona (‘Porta estandarte’) e uma canção feita para o filme A Hora e a Vez de Augusto Madraga, de Roberto Santos, ‘Requiém para Matraga’.
DE CHICO A VINICIUS
O pacote de velhas novidades inclui, ainda, cinco discos de Vincius e Toquinho, o segundo (e mitológico) álbum do baiano Tom Zé e um LP de Chico Buarque gravado na Itália.
Chico Buarque de Hollanda na Itália, lançado originalmente em 1969, foi gravado no autoexílio do artista na Itália e é composto exclusivamente de versões, em italiano, para o cancioneiro já consagrados do ícone brasileiro. A nova edição ainda traz duas faixas bônus, também em italiano: ‘Cara a cara’ e ‘Ciao ciao addio’.
Não se trata do disco arranjado por Ennio Morricone (Per Un Pugno di Samba, já lançado pela Sony), mas um álbum lançado um ano antes, em Roma, sob a direção musical do conterrâneo Toquinho.
Estão lá ‘A banda’ (que virou ‘La banda’), Juca, ‘Madalena foi pro mar’ (Maddalena e andata via’), ‘Bom tempo’ (‘Far niente’) e 'Rita', cuja letra sofreu uma leve alteração: saiu “o disco do Noel” para entrar “un bel disco di Caruso”.
Lançado por Tom Zé em 1970, Tom Zé traz arranjos de Chiquinho de Morais, Hector Lagnafietta e Capacete e clássicos como 'Jimmy, Renda-se', utilizada na trilha do recente O Agente da U.N.C.L.E, de Guy Ritchie.
Dos cinco discos de Toquinho e Vinícius, três ganharam nova edição em CD: Toquinho e Vinícius (1971), São Demais os Perigos Desta Vida (1972) e o ótimo O Poeta e o Violão (1975). Completam o pacote Como Dizia o Poeta (1970) - com Marília Medalha - e Toquinho/Vinicius & Amigos (1974).
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