'Sonho Branco' na Estação

Tudo começou com um sonho. Dele, a fotógrafa pernambucana Eliane Velozo acordou com um nome na cabeça: Catherine Kitten. Desconhecendo a procedência do nome, foi procurá-lo na internet. Descobriu o improvável: Kitten, como o seu avô, Manú de Melo, era de uma família de plantadores de algodão.

Nascia Sonho Branco - Trilogia, exposição fotográfica em cartaz até 2 de março na Torre Mirante da Estação Cabo Branco.

Na abertura da mostra, hoje, às 17h, haverá o lançamento do livro de Eliane Velozo e a apresentação do projeto Gente Brasil 2014, do cantor e compositor Jorge Dissonância.

A 'trilogia' é constituída por imagens feitas em regiões produtoras de algodão do Brasil, EUA e Togo. Segundo Eliane, que mora em Belo Horizonte (MG), a ideia inicial era apenas fazer uma homenagem ao avô, objetivo que foi expandido com o sonho misterioso que ocorreu em uma madrugada de 2006.

"Quando eu comecei a fazer o projeto eu não sabia muito sobre o algodão. Conservava apenas a memória de eu mesma, na infância, colhendo com o meu avô", conta a fotógrafa, que cresceu em um plantio próximo a uma fábrica de óleo na cidade de Caruaru (no agreste de Pernambuco, a 130 quilômetros do Recife).

A viagem ao Texas (nos EUA), onde vivia a família de Kitten, suscitou o retorno de Eliane ao país em que fez uma pós-graduação na área da fotografia, há mais de 30 anos, quando saiu do Brasil com seu atual ex-marido e sua filha.

Depois de descobrir que o Togo é um dos maiores exportadores do produto, surgiu também a vontade de conhecer as plantações e o povo do país que fica a oeste da África. Estava completa a trilogia. Todas as fotos da exposição são feitas em preto e branco. Eliane é deficiente visual e tem apenas 10% da visão, fato que ela relaciona à características do seu trabalho. "O meu olhar é bastante específico", assinala.