Tecnologia e moda criam tecidos inteligentes

Agda Aquino, especial para o Paraíba 1

No filme “De volta para o futuro 2”, um clássico dos anos 80, o jovem Marty McFly (interpretado por Michel J. Fox) viaja 30 anos no tempo e chega ao futurístico ano de 2015. Lá ele tem que se adaptar à moda da época para resolver as confusões causadas por ele mesmo e por outros personagens da história. Coloca os bolsos da calça para fora e veste um casaco modernoso dado de presente pelo Dr. Brow (interpretado Christopher Lloyd). O diferencial dessa peça não era apenas as cores e o corte (por sinal muito parecidos com os que se usava na época em que o filme foi lançado, em 1989), e sim a tecnologia existente nele: era um casaco inteligente e auto-secante. Marty McFly cai numa fonte com água e o casaco o surpreende secando automaticamente.

A imaginação dos criadores do filme de vinte anos atrás não está tão longe assim da realidade da moda de hoje. Tecidos inteligentes, que esquentam no frio ou esfriam no calor já são usados nas roupas à muito tempo. Quem sempre sai na frente no uso dessas inovações tecnológicas das indumentárias é a indústria esportiva, com tecidos que facilitam a transpiração, que deixam as roupas mais confortáveis ou até que imitam peles de animais para permitir um melhor desempenho nas competições (como por exemplo as roupas dos nadadores que imitam a pele do tubarão). Mas no mercado é possível encontrar também roupas que repelem mosquitos, que têm fator de proteção solar, que hidratam a pele e outras tantas que prometem combater o estresse, medir a pressão e até tratar a celulite.

Muitos estilistas e entusiastas da tecnologia do mundo todo dizem que no futuro roupas e aparelhos tecnológicos serão praticamente uma coisa só. Os trajes modernos, segundo eles, serão um emaranhado de fios e tecidos que podem carregar a bateria de aparelhos, aquecer o corpo e ainda captar energia solar para fazer tudo funcionar. A marca austríaca Urban Tool, por exemplo, desfilou este ano com um colete que permite ao usuário controlar o iPod por meio de botões na roupa. É possível escolher o arquivo, ajustar o volume, iniciar ou parar a música.

Em fevereiro deste ano, cientistas do Georgia Institute of Technology (EUA) anunciaram o desenvolvimento de um modo de gerar eletricidade que pode tornar possível carregar a bateria de certos aparelhos através do próprio tecido da roupa. Eles costuraram pequenos fios de óxido de zinco no pano, fazendo com que eles passassem a produzir energia. Mas ainda existe um problema: o óxido de zinco não é à prova de água. É preciso achar um modo de proteger os fios para evitar que o material perca suas características. Apesar disso, já existem formas de recarregar aparelhos por meio do vestuário. A empresa alemã ProGression criou uma jaqueta com placas flexíveis que captam a energia solar e a armazenam. Através de uma porta USB, o usuário pode usar essa eletricidade para recarregar alguns acessórios.

Mas não é só isso, a chegada da HDTV (ou TV Digital) trouxe inovações principalmente na forma de fazer maquiagem, inovações estas que já chegam ao cidadão comum. É o caso do air bruch, que veio substituir pincéis e esponjas na preparação da pele de apresentadores e atores de TV. É que a definição da TV Digital é tão alta que deixa à mostra todos os detalhes da maquiagem e das imperfeições da pele que antes passavam desapercebidas. Eis que entra em cena uma pistola que lança jatos de pigmentos especiais sobre a pele, para compor base, sombra, blush e batom. A nova técnica deixa a maquiagem perfeita, mas exige profissionais qualificados e chega a custar de três a quatro vezes mais que uma maquiagem convencional. Já tem gente usando esse tipo de maquiagem para momentos especiais como casamentos e formaturas.

Pensando bem, acho que a realidade de 2015 do filme “De volta para o futuro 2” já está ficando um pouquinho ultrapassada.