Teresa Cristina com Os Outros e 'o cara'

Tão vasto quanto o repertório do Rei, já se sabe, é a parte deste repertório meio negligenciada por Roberto Carlos em suas apresentações. São músicas como 'As curvas da estrada de Santos' ou 'À janela', que por uma razão ou outra raramente viajam com Robertão em seus cruzeiros nem sobem tão fácil ao palco em seus especiais de Natal.

Jamais esquecidas por Teresa Cristina, que cresceu ouvindo as canções, elas tornaram-se a base de Teresa Cristina + Os Outros = Roberto Carlos (Deckdisc, preço não divulgado), disco em que a pegada roqueira da banda Os Outros não chega a deslocar a sambista de sua zona de conforto.

"São canções que passei a vida inteira cantando, no chuveiro, em casa, fazendo faxina. Não tive muita dificuldade, foi tudo bem natural", diz a intérprete ao JORNAL DA PARAÍBA.

A ideia do CD surgiu depois que Teresa foi convidada pelo baixista d'Os Outros, Vitor Paiva, para participar de um show da banda. "Eu fiquei meio insegura, mas ele insistiu tanto que eu fiz minha exigência: se era para tocar numa banda de rock, que fosse para cantar Roberto. Eles toparam e o show evoluiu para o CD, onde entrei na escolha do repertório e eles ficaram com todos os arranjos", explica.

Entusiasmantes, as versões do quarteto para as 14 letras de Roberto, escolhidas com a colaboração com Teresa Cristina, guardam muitas surpresas. Em 'Quando', por exemplo, o rock de jovem guarda dá lugar a um baião em certo ponto da melodia; já 'O moço velho' tem uma explosão instrumental inspirada, segundo o grupo, em 'Live and let die', de Paul McCartney; por fim, em 'O portão', Teresa Cristina incorpora o personagem canino de 'O portão', latindo no verso em que o mascote 'sorri'.

"Eu não sei se a minha relação com Roberto Carlos mudou depois da gravação", afirma Teresa Cristina. "A admiração continua a mesma e acho que quem mudou fui eu. Gravar essas músicas me mostrou que poderia ir além do que eu faço.

Consegui ficar mais solta. O tipo de entrega que essas letras me proporcionaram me enriqueceram como artista".

Segundo a cantora, Roberto Carlos autorizou a releitura. "Saber que ele nos autorizou a gravar me deixa muito emocionada. Eu não conheço ele, não somos da mesma gravadora, mas temos uma ligação. Ele é uma pessoa muito exigente, e já estava preparada para qualquer resposta. Mas a resposta foi positiva e ele foi um anjo", conta Teresa, que não pediu nada de Natal para o Papai Noel: "Roberto já me deu o meu presente".
É ou não é 'o cara'?