Todo monstro é uma ilha

Em 1896, o escritor H.G. Wells (1866-1946) assombrava o mundo com a história de um médico cuja obsessão era transformar animais em homens através de cirurgias e hipnoses.

O livro A Iha do Dr. Moreau daria início, ali, a uma trajetória de sucesso na literatura fantástica, incluindo nada menos que cinco adaptações para o cinema.

A mais recente delas data de 1996 - exatos 100 anos depois da publicação do livro - e trazia Marlon Brando (1924–2004) no elenco. Refilmagem do longa homônimo de 1977 estrelado por Burt Lancaster (1913–1994), o filme de Brando acaba de sair no Brasil em alta definição, ajustando contas com o fã brasileiro, já que a única edição em DVD lançada pela Playarte era tão horrorosa quanto os monstros do filme do diretor John Frankenheimer (Sob o Domínio do Mal, Ronin). Desta vez, o blu-ray sai pela Warner Bros., ao preço médio de R$ 39,00.

Na nova edição, o filme de terror ganha em qualidade, com uma boa transferência digital a partir da distribuição da New Line (a mesma de O Senhor dos Anéis), mas quase não há extras: apenas duas versões do trailer do filme e um pequeno featurette de época com pouco mais de cinco minutos com entrevistas com os atores Val Kilmer e David Thewlis e imagens de bastidores.

No enredo, Montgomery (Kilmer) resgata o náufrago Douglas (Thewlis) e o leva até uma ilha onde o Dr. Moreau (Brando) do título, um renomado cientista, vive como um deus. Não demora muito para que Douglas perceba que o ilha é povoada por estranhas criaturas selvagens que se comportam como gente, um verdadeiro circo dos horrores.

Hoje cultuado, o filme foi duramente criticado à época de seu lançamento, sobretudo pela atuação preguiçosa – para não dizer chinfrim – de um astro do quilate de Marlon Brando, ator de O Poderoso Chefão, Sindicato de Ladrões e Apocalypse Now, oito vezes indicado ao Oscar.

Moreau foi um dos quatro últimos filmes do renomado ator, que já estava no piloto automático.