Tríade Naïf para o Brasil

"Você conhece os artistas de sua terra?", provoca Diógenes Moura, curador da 12ª edição da Bienal Naïfs do Brasil, que o Sesc Piracicaba abre a partir de amanhã no interior de São Paulo, a 164 quilômetros da capital.

A provocação não é à toa: Denise Costa, Celia Gondim e Marby Silva, três artistas paraibanas selecionadas para o evento, trabalham a cultura em uma dimensão que, conforme acusa o curador, está no mais das vezes fora do ponto de contato com público geral.

"Nossa cultura é massificada e burramente massacrada por questões estrangeiras", critica Moura. "Bienais como esta são oportunidades raríssimas de entender a imensa cultura popular e erudita que está no universo com que estes artistas trabalham."

Os paraibanos são três dos 81 artistas de 16 Estados brasileiros que participam de uma bienal da qual se inscreveram 363 artistas de 23 Estados. Ao todo, a curadoria lidou com 726 peças. Dessas, uma sobressaiu: trata-se de Plantio e Colheita, de Denise Costa, que recebeu (junto com outros quatro artistas) o Prêmio Destaque-Aquisição do Sesc.

"Denise tem uma técnica muito própria por conta do pontilhado da imagem e o alongamento das figuras", explica Diógenes Moura, que também escolheu outra obra de Denise (Eleição de Homens-Sapos-Mola) para compor a exposição em cartaz até 30 de novembro. "As duas obras são semelhantes e, como vocês jornalistas gostam de falar, 'dialogam' entre si, sendo mostradas pela artista quase como um díptico."

As obras Evangelista e Creusa, Felizes Para Sempre!, de Celia Gondim; e Fila do SUS, de Marby Silva, também foram selecionadas para a exposição da bienal. "Marby faz quase uma crônica do que a nossa população vive em relação à saúde", elogia o curador, que também rende aplausos para a obra de Gondim: "Ela remonta a lenda do Pavão Misterioso e faz uma denúncia, com sabedoria popular."

NAÏF GANHA COLETIVA EM JOÃO PESSOA

Em João Pessoa, uma coletiva faz referência ao feito conquistado pelos três artistas paraibanos com um título sugestivo: O Sonho de Vencer. A exposição fica em cartaz até o dia 30 de agosto, na Galeria Gamela, e inclui obras do trio, além de mais outros 17 artistas que colaboraram com quase 50 peças no total, entre xilogravuras, pinturas e trabalhos em cerâmica.

O acervo pode ser visitado na Galeria Gamela de segunda-feira a sábado, das 9h às 19h. A entrada é gratuita e as visitas de escolas podem ser agendadas através do telefone (83) 3221-6857.

Segundo Roseli Garcia, curadora da exposição e fundadora da Gamela, a mostra se destaca não apenas por fazer um demonstrativo dos trabalhos dos artistas premiados em sua própria localidade, mas por oferecer um recorde geograficamente diversificado da arte naïf na própria Paraíba.

"Há artistas de várias outras cidades além de João Pessoa na coletiva, como Adriano Dias, Clóvis Júnior, Madriano Basílio, Márcio Bezerril e a própria Marby Silva, que são todos de Guarabira", afirma Roseli.