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CULTURA

Trilha involuntária dos manifestos

Em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, cantor Ney Matogrosso fala sobre o seu novo disco de estúdio 'Atento aos Sinais'.

Publicado em 18/12/2013 às 6:00 | Atualizado em 11/05/2023 às 15:29

Atento aos Sinais (Som Livre, R$ 28,00), novo disco de estúdio do cantor Ney Matogrosso, reflete o ano em que o Brasil foi às ruas. Protestos, manifestos e Black Blocs podem ser interpretados em canções como ‘Rua da passagem’, ‘Incêndio’ e ‘Tupi fusão’, três das 14 faixas de um repertório que privilegia nomes pouco conhecidos, mas não deixa de lado veteranos como Paulinho da Viola (‘Roendo as unhas’), Vitor Ramil (‘A ilusão da casa’) e o velho Itamar Assumpção (‘Noite torta’ e ‘Isso não vai ficar assim’).

O teor inflamado das músicas, entretanto, foi pura coincidência, garante o próprio Ney Matogrosso em conversa com a reportagem, durante sua passagem por João Pessoa na semana passada. “Eu selecionei essas músicas há muito, muito tempo. ‘Rua da passagem’ (parceria entre Arnaldo Antunes e Lenine) e ‘Tupi Fusão’ (do rapper alagoano Vitor Pirralho), que são emblemáticas disso aí (dos manifestos), eu já tinha escolhido gravá-las em 2009”, explica o cantor. “No momento em que eu selecionei essas músicas, eu pensei na situação do mundo de modo geral”, justifica.

O repertório, trabalhado ao longo dos últimos quatro anos, partiu do show ‘Atento aos Sinais’, que Ney Matogrosso estreou em fevereiro deste ano, mas as músicas só foram gravadas em junho, coincidentemente quando o país vivia seu momento mais agitado.

O jeito tímido de falar, bem diferente de quando está no palco, vestindo adereços extravagantes e requebrando bastante, ganha um brilho especial quando perguntado se o calor dos manifestos exerceu alguma influencia na gravação. “Sim”, responde Ney de imediato. “Isso me deu mais ênfase”.

O exercício de experimentar as músicas ao vivo antes de entrar no estúdio é a regra que o cantor vem aplicando desde Inclassificáveis (2008). “É bem melhor, porque você chega (ao estúdio) mais maduro, chega com arranjos mais definidos, entendendo mais o que você está cantando”, comenta.

Mas diferente de Beijo Bandido (2009), seu trabalho anterior, pautado por tangos e boleros em meio a standards brasileiros, Atento aos Sinais tem uma pegada pop-rock, acentuada por metais em brasa em canções pouco conhecidas.

O cantor de 73 anos foi pescar as músicas do repertório em bandas como Urge, Tono (do filho de Gilberto Gil, Bem), Zabomba e ainda de nomes em ascensão como Criolo.

‘Freguês da meia-noite’ é uma das músicas do disco de estreia de Criolo, Nó na Orelha (2011). Numa passagem do rapper paulista pelo Rio, ele convidou Ney para cantar a música com ele. “Eu fiz e decidi, ali, que gravaria aquela música”, recorda o intérprete. “Quando a mãe dele foi ver meu show em São Paulo, ela me disse que achou a música a minha cara. Eu também achava a música a minha cara, então deu tudo certo”.

Urge era a antiga banda punk de Pedro Luís, que lançou ‘Incêndios’ em 1984. Mas Ney só veio conhecê-la há pouco tempo, quando a ouviu em um show do seu freqüente colaborador. Os arranjos, que preservam a versão solo de Pedro, evocam o Ney do Secos & Molhados e desde já é uma das melhores gravações de 2013.

Ney Matogrosso conta que ouve os discos que recebe e costuma conferir, na internet, um ou outro cantor que ouviu falar. “O Tono, eu procurei por eles na internet. Eles me deram o disco e eu gravei duas músicas (‘Não consigo’ e ‘Samba do Blackberry’)”, revela. Já o Zabomba conseguiu deixar um CD nas mãos do cantor durante uma passagem dele por são Paulo. Ele ouviu o CD, gostou de ‘Pronomes’ e gravou a música.

Uma matéria de página inteira com Vitor Pirralho em um jornal de Maceió (AL) chamou a atenção de Ney Matogrosso, que pediu à produção local de seu show que localizasse o rapper.

Pirralho, então, foi ao encontro de Ney com o CD Pau-Brasil debaixo do braço e foi assim que o cantor carioca incluiu ‘Tupi fusão’, um trava-língua de alto teor social.

Ney conta que tem controle absoluto da obra, da concepção da capa e da escolha das fotos até os arranjos, cujos “pitacos”, segundo ele, foram levados em consideração pelo diretor musical e arranjador Sacha Amback, particularmente inspirado neste novo trabalho, certamente um dos melhores de 2013.

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Jornal da Paraíba

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