CULTURA
Tulipa Ruiz conversa sobre seu terceiro álbum, 'Dancê'
Cantora e compositora paulistana investe em repertório mais dançante em disco que traz a participação de João Donato
Publicado em 12/05/2015 às 8:00 | Atualizado em 09/02/2024 às 17:13
“É um disco para ser celebrado com o corpo”, define Tulipa Ruiz em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA sobre o seu terceiro disco, Dancê (Pommelo Distribuições/Natura Musical, R$ 30,00), lançado no começo deste mês.
“Foi uma sonoridade desenvolvida na estrada, entre um disco e outro, um processo diferente dos outros discos anteriores”, explica. “Efêmera (2010) é um disco de detalhes, Tudo Tanto (2012) é sobre o universo da mulher, e o Dancê é mais abrangente, acho que é um disco mais atemporal”.
Usando muito sopros e metais, com letras dinâmicas – na sua maioria assinadas pela própria cantora paulista e seu irmão, Gustavo Ruiz –, quase um ‘trava-língua’ (“Varia, veria, viria, voaria”, diz o refrão de ‘Virou’, com participação de Felipe e Manoel Cordeiro), Tulipa confirma que os estímulos do novo trabalho vão realmente para esses lugares, o impulso de começar a bater o pé e a vontade de cantar. “Quando falo em dança, ela pode ser numa festa ou pista, mas também não impede de ser uma dança só com você”.
Além de parceiro nas composições e guitarrista, o irmão da cantora e compositora paulista também produziu todos os discos dela. “Gustavo e eu temos uma diferença de idade pequena. Na adolescência, tínhamos um repertório de vida parecido, nossa turma era a mesma e curtíamos as mesmas músicas”, relembra. “É muito tranquilo acertar e errar com o Gustavo. Nossa intimidade é muito produtiva”.
Em Dancê, a música de trabalho é ‘Proporcional’, que fala sobre o encontro entre pessoas de diferentes formatos (“Visto GG, você P”, diz a letra).
Em outras faixas – assim como o single ‘Megalomania’ (2014), cuja criação foi realizada junto com a banda –, algumas letras vieram puxadas do fundo da memória cotidiana como em ‘Reclame’, com direito a um ‘plim-plim!’ da Globo no meio da música. “Estava fazendo o arranjo em conjunto com o meu conjunto e de repente veio: ‘Trague seu amor de volta’, como se fosse um jingle de rádio de lambe-lambe”.
‘DONATIANO’
O ícone da bossa nova João Donato é o convidado na faixa ‘Tafetá’, cujo o piano elétrico utilizado pelo músico foi emprestado do Marcelo Janeci (creditado nos agradecimentos). “É uma declaração de amor pra ele. Sua presença foi fundamental. Com 80 anos, Donato é um menino com brilho no olho”.
Junto com o ritmo bossa-novista, há um clima de ‘fim de festa’ na penúltima música do CD, ‘Old boy’, mais calma com o sax tenor como protagonista. “É o momento de respiro que te leva pra um lugar mais tranquilo, pra escutar com o olho fechado. Apesar de falar da morte, tentei tocar no assunto da maneira mais dócil possível”.
Completando as participações especiais, a banda paulistana Metá Metá (‘Algo maior’), multi-instrumentista Kassin (‘Físico’) e o guitarrista veterano Lanny Gordin (‘Expirou’).
Além do irmão, o pai de Tulipa Ruiz, Luiz Chagas, divide tanto a parceria nas composições (‘Reclame’, ‘Algo maior’ e ‘Virou’), quanto nas guitarras (‘Jogo do contente’, ‘Elixir’, ‘Prumo’ e ‘Proporcional’).
Além das 11 faixas “para ouvir com o corpo”, Dancê chama a atenção pelo cuidado de designer do CD: com desenhos da própria Tulipa, a luva de acetato quando retirada promove um efeito ótico de movimento na arte. “Queria uma parceira gráfica no ramo do livro. O projeto é da Tereza Bettinardi. Ficou cheio de charme”.
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