icon search
icon search
home icon Home > cultura
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

CULTURA

Último pecado de Nelson

Centro Cultural Piollin comemora 35 anos com montagem do espetáculo 'A Serpente', última peça escrita por Nelson Rodrigues.

Publicado em 13/09/2012 às 6:00


Nelson Rodrigues ainda era vivo quando A Serpente, última peça que escreveu, inaugurou o Teatro do BNH, no Rio de Janeiro, em março de 1980.

Mais de três décadas se passaram até que a peça voltasse a ser montada no mesmo palco, no teatro que agora levava o nome do dramaturgo.

A montagem, conduzida pela Cia. Os Dezequilibrados, estreia hoje e amanhã, às 20h, no Centro Cultural Piollin, em João Pessoa.

A Serpente é o espetáculo que abre o Projeto Teatro Piollin, programação que comemora os 35 anos do coletivo paraibano e se estende até o próximo mês de novembro, com apresentações gratuitas de peças e vivências entre grupos locais e de outros Estados.

No sábado (15) e no domingo (16) também às 20h, o Grupo de Teatro Lavoura apresenta o monólogo Bruta Flor no calendário do projeto. O Lavoura será o primeiro grupo a participar do intercâmbio estético do projeto, que tem a previsão de realizar uma nova edição em 2013.

Segundo José Karini, ator d'Os Dezequilibrados, A Serpente marca o retorno da companhia à dramaturgia rodriguiana: "É a segunda vez que montamos Nelson Rodrigues. A primeira foi Bonitinha Mas Ordinária, em 2001", conta o ator que ingressou no grupo justamente nesta peça, substituindo um colega.

Karini estava também entre os atores que encenaram A Serpente no Teatro Nelson Rodrigues, em agosto, nas comemorações do centenário do 'Anjo Pornográfico'. A história do triângulo amoroso entre duas irmãs e o marido de uma delas foi apresentada para o elenco, que originalmente adaptou o texto em 1980, sob a direção de Marcos Flaksman.

"Participamos de um debate em que estiveram presentes o Marcos Flaksman e as atrizes Xuxa Lopes, Sura Berditchevsky e Carlos Gregório", lembra o ator. "Conversamos sobre a diferença radical entre as duas montagens: a primeira tinha uma abordagem muito mais naturalista, enquanto a nossa tem um apelo mais corporal: criamos partituras corporais e partimos do corpo antes do texto entrar. Não fomos direto ao texto".

RIO-PETERSBURGO
Dirigidos por Ivan Sugahara (indicado ao Shell por Vida, o Filme, de 2002), Os Dezequilibrados chegaram ao cronista dos subúrbios cariocas depois de uma visita às vielas estreitas de São Petersburgo, na Rússia.

Dostoiévski, único autor que Nelson Rodrigues assumia como influência, foi adaptado no segundo espetáculo do repertório da companhia: Um Quarto Crime e Castigo (1999), o primeiro com José Karini já oficialmente no núcleo duro d'Os Dezequilibrados.

Na pesquisa da dramaturgia, depararam-se com esta confissão de Nelson do livro O Óbvio Ululante (1968): "Certa vez, um erudito resolveu fazer ironia comigo: perguntou-me: 'O que é que você leu?' Respondi: 'Dostoiévski.' Ele queria me atirar na cara os seus quarenta mil volumes. Insistiu: 'Que mais?' E eu: 'Dostoiévski.' Teimou: 'Só?' Repeti: 'Dostoiévski'. (...) Pode-se viver para um único livro de Dostoiévski. Ou uma única peça de Shakespeare".

Karini brinca: "Acho que era marketing... Em todo caso, Bonitinha surgiu em função de Dostoiévski e foi a partir daí que o Nelson passou a ser nosso campo de estudos. A gente faz piada dizendo que, de agora em diante, vamos adaptar todas as peças dele. Vontade é o que não falta".

PIPOCA NO PALCO
Estruturada em um único ato, com uma sucessão de clímaces, A Serpente tem uma dinâmica projetada para dialogar com o cinema, outra influência que baseia a linguagem dos Dezequilibrados: "O Ivan Sugahara é um verdadeiro cinéfilo", continua José Karini, que aponta Vida, o Filme, como porta de entrada do grupo para o universo da sétima arte. "Depois de Vida... adaptamos para o teatro Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (2004) e, em A Serpente, procuramos retomar a relação com o vídeo".

De acordo com Karini, apesar de a peça ser criticamente controversa, ela sintetiza a dramaturgia rodriguiana e foi concebida ao longo de toda a sua carreira, desde os primeiros esboços de Vestido de Noiva (1943): "Nelson levou 40 anos para escrever este texto. Tinha muito orgulho dela, apesar de muitos críticos considerarem uma peça menor. O fato de não ter cenas de ligação entre uma cena e outra, com um clímax para cada uma, é um soco no estômago. A peça já começa lá em cima e se desenvolvem de um tiro só. São 50 e poucos minutos ladeira abaixo".

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp