Um 'boy magia' na telona

Um personagem marcante na recente teledramaturgia brasileira está migrando para a telona do cinema. O ator Marcelo Cerrado encarna novamente o mordomo Crô de Fina Estampa, exibida pela Rede Globo em 2011, sob a direção de Bruno Barreto (Flores Raras) e roteiro do seu criador, Aguinaldo Silva.

Crô - O Filme (Brasil, 2013) entra em cartaz a partir desta sexta-feira nas salas de João Pessoa e Campina Grande.

No longa-metragem, após herdar a fortuna de Tereza Cristina (vivida na TV por Christiane Torloni), Crodoaldo Valério (Serrado) – simplesmente ‘Crô’ para os íntimos – está cansado da sua vida de milionário.

Passando por uma crise existencial, ele experimenta os palcos como cantor, as tesouras como cabeleireiro e o ‘prêt-à-porter’ como estilista até a resposta vir através de um sonho com sua mãe (uma ponta da cantora baiana de axé Ivete Sangalo): virar ‘capacho’ de madame novamente.

Decidido a encontrar uma nova ‘deusa do Nilo’ a quem possa dedicar sua vida e seus gracejos, ele inicia uma busca que faz com que entreviste diversas socialites. Seu objetivo é encontrar aquela que seja mais bem qualificada para que ele próprio possa servir como mordomo, assim como fez com sua antiga patroa.

No elenco, o protagonista homossexual volta a encontrar personagens tarimbados da Fina Estampa: o motorista ‘gato zoiúdo’ Baltazar (Alexandre Nero), que faz as vezes de machão, e a ‘empregada anã’ Marilda (Kátia Moraes), que agora é a governanta do ex-serviçal ‘boy magia’. Já a atriz Carolina Ferraz interpreta a vilã da comédia, uma mulher que poderá ocupar o lugar de sua ‘musa’ por ser perua e explora a mão-de-obra escrava.

Assim como muitas produções do gênero, Crô - O Filme conta ainda com participações especiais. Além da Ivete Sangalo, passam pelo filme a apresentadora do programa Mais Você, Ana Maria Braga, e a cantora de tecnobrega Gaby Amarantos, que interpretam elas mesmas.

Como visto no trailer oficial, Crô vem com sua inseparável gravata borboleta, óculos e trajando todo o estereótipo exagerado e episódico de sua condição sexual, além do carisma que garantiu ao coadjuvante sobreviver na memória das massas tal qual um personagem principal de novela como a antagonista Odete Roitman ou um herói como o ingênuo o boia-fria Sassá Mutema, dentre outros que passaram na telinha.

Não é a primeira vez que personagens de Aguinaldo Silva migram da TV para o cinema: Lili Carabina, assaltante de banco real que o autor pegou emprestado em um episódio da série Plantão de Polícia (1979), ganhou sua versão cinematográfica em Lili, A Estrela do Crime (1987), com Betty Faria no papel-título, e o bicheiro Giovanni Improtta, de Senhora do Destino (2004), que virou um longa-metragem homônimo em 2012 dirigido e atuado por José Wilker.

Curiosamente, os dois personagens alimentavam o escritor na literatura. Como repórter policial, Aguinaldo tem dois livros sobre a criminosa mineira (Lili Carabina - Retrato de uma Obsessão e A História de Lili Carabina). Já o personagem de Senhora do Destino apareceu em O Homem que Comprou o Rio e Prendam Giovanni Improtta.

Crô é o primeiro que tem um roteiro original para o cinema pelo escritor de novelas.

Com um orçamento de R$ 5,2 milhões e estreando em cerca de 400 salas pelo país, Crô - O Filme poderá vir a ter uma continuação, a exemplo de ‘arrasa-quarteirões’ como De Pernas pro Ar 2.