CULTURA
Um dos últimos 'cinemas de rua', Cine RT luta para digitalizar projeção
Sonho do mecânico Regilson Cavalcanti Silva, Cine RT vem vencendo as adversidades há quase 3 anos.
Publicado em 27/12/2014 às 8:00 | Atualizado em 01/03/2024 às 16:59
Há quase 3 anos – que serão completados em fevereiro – o sonho do mecânico Regilson Cavalcanti Silva foi concretizado no Brejo paraibano. Um dos últimos “cinemas de rua” do Estado, o Cine RT, em Remígio, vence as adversidades como a maioria de seus filmes em cartaz.
Exibindo atualmente o blockbuster hollywoodiano O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos, os esforços de Regilson para manter vivo seu “Cinema Paradiso” também se equiparam ao campo de batalha onde estão Bilbo Bolseiro, Gandalf e cia.
Apesar de ter melhorado a projeção com uma máquina ainda analógica (doada este ano pela rede Cinépolis), o empresário tem em seu caminho a digitalização obrigatória das salas de cinema do país.
“O público deu uma retomada melhor, comparado aos anos anteriores”, analisa. “Estamos mudando para o digital para que não aconteça o fechamento do Cine RT”.
De acordo com Regilson Cavalcanti, o MinC e Ancine (em parceria com o BNDES) estão analisando o enquadramento do cinema no processo. São seis meses de prazo para quitar os equipamentos que serão disponibilizados.
“Esses equipamentos são caros. Temos que ver se as vendas da bilheteria cobrem as despesas”, pondera Regilson, que já conta com isenção de impostos por ser apenas uma sala de projeção.
DAVI CONTRA GOLIAS
Com a digitalização somada à recente limitação de ocupação das salas de cinemas a até 35% pelo mesmo filme, o Cine RT será favorecido pela condição de lutar de igual para igual acerca das estreias.
“Às vezes, nós esperávamos duas a três semanas para estrear um filme por causa da preferência dos multiplex”, desabafa.
Além do projetor, outro upgrade da sala de Remígio foi a aquisição de 1/3 de poltronas onde antes era ocupado por 90 cadeiras. A intenção é aposentar os assentos de plástico até 2015.
Com ingressos pelo preço popular de R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia), Regilson Cavalcanti ainda faz promoções para ver a casa cheia nos dias de semana: libera a meia entrada nas segundas, terças e quartas-feiras.
“O meu planejamento, pela cidade ser pequena, é que o filme fique, no máximo, por duas semanas”, afirma. “Mas se estiver dando público, eu deixo por mais uma semana”.
Têm espectadores remigenses "ratos de cinema", segundo o empresário, que assistem mais de duas vezes o mesmo longa-metragem. “O filme que mais me surpreendeu recentemente foi o Annabelle”, revela Regilson. “O terror caiu nas graças do povo daqui”.
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