CULTURA
Um encontro entre ídolo e fã
De olho na carreira internacional, cantora Fernanda Takai lança 'Fundamental', trabalho feito em colaboração com Andy Summers.
Publicado em 09/10/2012 às 6:00
Aos 16 anos, Fernanda Takai era uma jovem de olhos puxados prestes a se revelar a roqueira meio desengonçada da banda Data Vênia. Na frente do Estádio da Independência, em Belo Horizonte, a menina que colecionava os LPs do The Cure e Duran Duran esperava pela abertura dos portões para ver o ídolo Sting, que vinha pela primeira vez ao Brasil desacompanhado do The Police, na turnê do seu segundo disco, ...Nothing Like The Sun (1987).
Ela podia até sonhar com o feito, mas nem imaginava que, quase 25 anos depois, concluída uma graduação em Rádio e Televisão, a passagem por quatro bandas (entre elas o Pato Fu), 13 álbuns (sendo dois solo) lançados e shows nos quais ela tocou, em pessoa, naquele mesmo estádio, seus destinos se cruzariam de uma forma bem mais intensa com outro integrante do The Police: Andy Summers.
"Realmente, tudo é possível nessa vida. Alguns sonhos demoram a se realizar, mas quando isso acontece é mágico", conta Fernandinha, empolgada com o lançamento de Fundamental (Deckdisc, R$ 24,90), trabalho em colaboração com o guitarrista Andy Summers, outra figura estampada nos pôsteres e camisetas que guarda da época.
Segundo Takai, tudo começou de uma forma idílica, num encontro que Summers, no encarte do CD, descreve como "uma noite chuvosa na Barra da Tijuca" idealizada por Roberto Menescal: "Menescal deu de presente ao Andy o meu disco dedicado à Nara (Onde Brilhem os Olhos Seus, de 2007). Então ele me convidou pra este encontro num fim de tarde pra gravarmos juntos uma versão de 'Insensatez' com voz e dois violões".
A cena está registrada no DVD United Kingdom of Ipanema (Acesso, R$ 32,50), em uma passagem do documentário que Takai diz ser a preferida de Summers: "Fomos ao estúdio do Menescal, que você tem que chegar por um barquinho, tem um píer... Depois de ajustarmos as luzes pra gravação no interior, achamos melhor passar pro lado de fora, mas a luz estava baixando e uma chuva começava a cair. Então gravamos de primeira, com cachorro latindo, chuvinha fina e a noite chegando... Foi algo bem bonito e descontraído".
Este primeiro contato derivou na ida da intérprete para Los Angeles (EUA), ao estúdio de Andy Summers, onde Fernanda Takai chegou com as músicas preferidas das 25 que recebeu ao longo de três meses. Eram versões nacionais de canções como 'I remember', 'Teardrop in the sea' e 'Music in darkness', que viraram 'Pra não esquecer', 'Chuva no oceano' e 'Sorte no amor' com uma mãozinha de John Ulhoa e Zélia Duncan: "Tentamos ser bem fiéis à intenção de cada letra, mas nos permitimos usar imagens e expressões que fossem mais poéticas em português.
Não dava pra traduzir literalmente, ficava um tanto dura".
Ulhoa, atualmente dedicando-se à produção, ficou no Brasil finalizando o CD de estreia da banda paulista Sinamantes e o recém-lançado Kitchen Door, da gaúcha Gabi Lima. "Ele não atuou como produtor ou músico. Viajei à Califórnia sozinha pra gravar, mas ele estava aqui torcendo por mim, como sempre faz em meus projetos com outros artistas", ressalta a esposa e parceira.
Com Fundamental, Takai espera aumentar seu respaldo no cenário internacional: "Pode ser que ganhe mais visibilidade lá fora, depende da história do álbum. De qualquer forma, junto à imprensa especializada e ao público, já vai ser mais uma credencial pra minha carreira".
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