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CULTURA

Um encontro lírico

Em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA cantora Leila Pinheiro fala sobre a perceria com o músico Nelson Faria que resultou no disco  'Céu e Mar'.

Publicado em 29/06/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:03

Por trás da estética cool dos arranjos e do tom encontrado por Leila Pinheiro no disco Céu e Mar (Biscoito Fino, R$ 29,90), parceria com o músico Nelson Faria, há a habilidade em costurar canções de compositores de vertentes tão diferentes como Ivan Lins, Edu Lobo, Gilberto Gil, Johnny Alf, Tom Jobim, Paulo César Pinheiro, João Bosco e Guinga em um mesmo universo, mesmo que tenha sido intuitivo.

O disco, gravado em 2012 e lançado agora no mercado brasileiro, celebra uma parceria de extrema cumplicidade musical de anos entre os dois, no encontro da voz da cantora paraense acom a guitarra eletroacústica de Nelson Faria.

Céu e Mar traduz, a partir da escolha de compositores, um universo que deságua na Bossa Nova com temáticas recorrentes na escola musical por relacionar a exaltação ao amor e o desamor, o céu e o mar. Entre as pérolas, 'Dos Navegantes' (Edu Lobo/Paulo César Pinheiro), 'Sucedeu Assim' (Tom Jobim/Marino Pinto) e 'Céu e Mar' (Johnny Alf), que acabou dando título ao CD.

Para uma cantora associada ao piano, o disco em duo com Nelson Faria representa um momento em que Leila assume mais a condição de intérprete do que a de 'artesã' de harmonias, mesmo sem deixar de lado os 'pitacos' musicais. “Poder me deixar levar pela melodia e letra das canções é um privilégio que Nelson me oferece porque tem a rara sensibilidade de saber acompanhar o cantor. Não é fácil esse entrosamento e essa comunhão entre quem canta e quem toca. (...) Não foi fácil ficar longe do piano e, na verdade, mesmo sem tocar piano, sugeri algumas harmonias e levadas, trocando ideias com Nelson o tempo todo”, revela a cantora, em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA.

O disco, que possui ambiência densa, tem como fio condutor que envolve a paixão, mas faz pontes com a natureza configurada nas canções, especialmente, pelo céu e o mar. Vem desse universo denso e cortante da paixão a canção 'Dupla Traição', da autoria de um Djavan inspirado nos desencontros do amor; 'Embarcação' (Francis Hime/Chico Buarque) e a reflexão sobre a recusa da infelicidade causada por desamores em 'Armadilhas de Um Romance' (Dori Caymmi/Paulo César Pinheiro).

Em Céu e Mar, Leila Pinheiro e Nelson Faria resgatam em regravações 'Doce Presença' (Ivan Lins/Vitor Martins), registrada por Nana Caymmi e 'Bala com Bala' (João Bosco/Aldir Blanc) e 'Bolero de Satã' (Guinga/Paulo César Pinheiro), ambas interpretadas por Elis Regina. A solitária faixa, 'That old devil called love', do repertório de Billie Holiday, é uma das surpresas do disco mas que acaba por casar com o clima intimista do trabalho.

COMPARAÇÕES
Indagada se gravar canções que tenham tido registros considerados emblemáticos por outras cantoras a incomodava, Leila Pinheiro ressalta a paixão pelas canções, em detrimento do 'vício' cultural no Brasil de comparar repertórios e gravações.

“Não me preocupo excessivamente com o que outros artistas já gravaram ou vão gravar. No máximo, tomo pé pra não gravar ao mesmo tempo a mesma canção. Por isso, escolhemos as canções deste CD com absoluta liberdade e o fato de Elis ou Nana já terem gravado o que escolhi cantar, só reforçou o acerto da escolha”, diz.

Embora a ideia inicial do CD fosse o mercado exterior, o resultado do trabalho vai garantir, no Brasil, não só divulgação como também turnê pelo país afora. A partir de agosto, a alquimia entre os dois artistas deve ser conferida de perto pelo público.

“O foco principal eram os festivais de música da Europa, que com essa formação pequena (voz e guitarra) é sempre bastante receptivo e um excelente mercado para a música brasileira. Nelson toca violão e guitarra. Escolheu a guitarra porque discos de violão e voz são mais comuns do que de guitarra e voz”, explicou.

O critério na concepção do repertório foi mais voltado à escolha de compositores do que relacionado às temáticas, no entanto, talvez de forma intuitiva, Leila Pinheiro e Nelson Faria transformaram Céu e Mar em um duo que vai além da celebração da afinidade entre os dois. Revigora, canções e as interliga à Bossa Nova, considerada uma das bases de renovação da Música Popular Brasileira, por meio do samba como matriz.

“Não tivemos a Bossa Nova como base das nossas escolhas, mas ela está presente na levada da guitarra, para sempre identificada como a renovação do samba feita por João Gilberto. O mar e o amor são temas recorrentes na Bossa Nova, mas não houve uma escolha proposital destes temas. Escolhemos as canções e os compositores. O que resultou ao final da escolha das canções foi absolutamente casual. O nome do CD surgiu no final das gravações porque sinto que eu e Nelson nos completamos e complementamos um ao outro, poeticamente, como o céu e o mar, ao mesmo tempo em que homenageamos Johnny Alf - um dos maiores compositores brasileiros, que faleceu há alguns poucos anos”, explica.

Na opinião de Leila Pinheiro, o que alimenta a carreira de cada artista é justamente o que ele grava. Não por coincidência, ela está se apresentando pelos país do Brasil, paralelamente à divulgação do disco Céu e Mar, com dois shows: 'Eu Canto Samba', que reúne canções de vários compositores, incluindo, Paulino da Viola, Ney Lopes, Ivan Lins e Arlindo Cruz; e um show solo ao piano cantando o repertório dos 32 anos de carreira. “Faremos shows deste CD a partir de agosto, quando já terei apresentado bastante meu show cantando sambas”, ressaltou.

Não há certeza de que os shows 'Eu canto Samba' e a turnê de Céu e Mar resultarão em registros ao vivo, mas ampliam os horizontes de Leila Pinheiro, inicialmente associada à Bossa Nova e que no decorrer de mais de três décadas de carreira mergulhou no universo de compositoras, na obra de Ivan Lins e Gonzaguinha, no mergulho no Pop/Rock, no universo poético de Renato Russo e nos compositores amazonenses levados para o disco Raiz (2012).

“Tenho total liberdade pra cantar o que quiser e como quiser e meu público está comigo independente do que eu gravo. Isso é uma conquista que cada dia valorizo mais e sempre norteou a minha trajetória".

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Jornal da Paraíba

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