CULTURA
Um fotógrafo processual
Exposição 'Tessituras Urbanas' do fotografo João Lobo, será aberta ao público nesta quarta-feira (23) na Casa de Artes Visuais.
Publicado em 23/05/2012 às 6:30
"Eu não capturo imagens, capturo processos", afirma João Lobo, autor do vídeo, do livro e da série de fotos que compõem a exposição Tessituras Urbanas, aberta ao público pessoense a partir de hoje, às 19h30, na Casa de Artes Visuais, em Manaíra.
O fotógrafo, que ano passado retornou aos salões paraibanos após uma década de afastamento, encerra o projeto Across Lens com o ápice de um processo que ele chama de 'descongelamento do real'.
"A primeira etapa do projeto abrangia imagens mais ou menos representativas do real, com o congelamento da realidade", disserta João Lobo. "Em Tessituras Urbanas o que interessa é a imagem distorcida, o movimento e as nuances monocromáticas".
A ambição de 'desconstruir a imagem' levou João Lobo à maturação de um conceito que envolveu dois anos de um minucioso trabalho de campo, no qual o artista visitou as locações das fotos e estudou cada detalhe sobre o qual pousaria sua lente no futuro.
"É muito raro eu andar com equipamento. Quando pego o equipamento já sei exatamente o que fazer: tenho tudo cronometrado, medido e sei exatamente qual é a luz ou o ângulo", descreve em um tom quase matemático.
O posicionamento do paraibano na outra ponta de uma tradição fotográfica iniciada pelo francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004), que dizia perseguir o 'instante decisivo' com uma estética que lhe tornou figura célebre para o fotojornalismo e para a fotografia dita 'de arte'.
"Claro que gosto do instante na imagem e da provocação que dela resulta", opina João Lobo. "Mas todo meu trabalho de criação parte de um rascunho, de uma observação. É isso que me motiva a uma leitura mais emocional e sensível das coisas".
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