CULTURA
Um livro morno
Ficção e aventura, nova trama do escritor Kenneth Oppel 'O Filho do Vento' foi analisada pelo JORNAL DA PARAÍBA, confira.
Publicado em 13/05/2012 às 6:30
O Filho do Vento (Prumo, 2011), de Kenneth Oppel, conta a história de Matt, jovem obstinado a ser capitão do grande e luxuoso dirigível chamado Aurora.
Em um futuro não indicado, dirigíveis como o Aurora oferecem viagens com acomodações e serviços de primeira classe para os endinheirados.
É em uma dessas viagens que Matt conhece Kate, a adolescente que sonha em encontrar criaturas nunca antes catalogadas, uma nova espécie, que já foi vista e descrita pelo seu avô, antes de morrer.
Após um assalto, o Aurora é forçado a fazer um pouso em uma ilha deserta, justamente onde Kate espera encontrar as misteriosas criaturas, os 'gatos das nuvens', como são chamados. A partir daí, a dupla tem que encarar uma maratona de obstáculos para sobreviver e atestar a existência das criaturas.
Em um livro morno, que deveria ser de ficção e ter um pouco - ou muito - de aventura, a trama de Oppel só começa a deslanchar perto do final. Mas, não o suficiente para tornar a obra interessante.
Os personagens não cativam e as criaturas, embora até instiguem a curiosidade do leitor por páginas a fio, não vingam. Quando aparecem de fato, causam tanto impacto quanto uma reprise de novela.
E essa acaba sendo apenas uma prova de que o autor evitou se arriscar: deu ênfase à existência de criaturas monótonas e que em nada acrescentam à (vasta e reconhecidamente excitante) literatura do gênero.
A habilidade do autor em descrever as reviravoltas do livro é facilmente ofuscada pela falta de relevância dos acontecimentos. Às vezes, é preciso reconhecer quando não se tem um bom enredo em mãos. Oppel, infelizmente, não teve esse discernimento.
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