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CULTURA

Um Natal difícil para moradores de rua

Quem não tem uma casa, passa a data tão esperada por muitas famílias ao relento, sem ter ao menos o que comer.

Publicado em 23/12/2012 às 10:00

Todos os anos durante o mês de dezembro, as pessoas se reúnem em suas casas para comemorar o Natal em família. Enquanto isto, quem mora nas ruas passa a festa ao relento. Em Campina Grande, de acordo com levantamento realizado este ano pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), existem 50 pessoas vivendo nas ruas e praças, principalmente no centro da cidade e que ficam longe das famílias e amigos na festa natalina.

José Aurir, 57 anos, e Tânia França, 51 anos, compartilham dessa realidade há mais de 15 anos e conhecem bem as dificuldades de quem vive na rua. “Vou passar o Natal fazendo o que eu faço sempre, trabalhando”, diz José Aurir, que sobrevive catando papelão.

A realidade de quem passa o Natal nas ruas é bastante sofrida, quase sem comida e praticamente nenhuma atenção. Essas pessoas não têm muitas opções para festejar essa data. Fazem o que podem, como bem expressou dona Tânia França. “No dia 25 eu vou pra Catedral rezar, que é aqui perto, depois vou dormir e assim é o Natal pra quem não tem nada”, frisou. O casal procura abrigo na calçada da Secretaria de Finanças e Administração.

O morador de rua Edinaldo Henrique, 40 anos, que aos 7 anos foi abandonado pela mãe e desde os 18 anos mora nas ruas de Campina Grande, gostaria de reencontrar a mãe. “Gostaria muito de passar o Natal com a minha mãe, ela me abandonou e hoje mora no Rio de Janeiro”. Edinaldo hoje mora com um casal de amigos que conheceu na rua, Roseane Silva, 23 anos, e Alexandre Roseno, 27 anos. O casal tem histórias distintas, ela foi morar na rua depois da morte dos familiares e ele depois de muitos desentendimentos com a família. Há 2 anos eles vivem embaixo do viaduto e comemoram o Natal lá mesmo, apenas na companhia do amigo Edinaldo. "Eu queria muito ter uma casa pra morar, ter família pra passar o Natal comigo, aqui é muito ruim, a gente quase não tem o que comer”, afirmou Roseane Silva.

Apesar da pobreza e das condições em que vivem, eles ainda são capazes de pensar no próximo, como fez Roseane Silva ao ser perguntada sobre o que ela esperava do Natal: “Só quero que todo mundo tenha saúde e paz e que nunca precisem passar por isso aqui”, disse.

A diretora da rede especializada do Semas, Emília Pinheiro, falou da dificuldade que tem para poder tirar as pessoas das ruas, pois alguns deles recusam a oferta para ficar no albergue. “Muitas delas recusam, alegando receber dinheiro, bebida ou tem animais domésticos. E lá no albergue nós temos uma rotina e eles devem seguir as normas”, afirmou.

Um empecilho é a quantidade de vagas nos abrigos frente à quantidade de moradores de ruas. Atualmente, Campina Grande conta com uma capacidade de abrigar no máximo 23 moradores de ruas. “Lá abrigamos as pessoas que estão vivendo nas ruas e eles recebem as três refeições e lanche. Eles podem sair durante o dia, mas devem retornar antes das 21h”, afirmou. Nas ruas existem 50 moradores.

A coordenadora do programa Ruanda, desenvolvido pela Semas, Solânia Chagas, diz que tenta dar uma orientação social a crianças e adolescentes que estão nas ruas. “Não temos muitos adolescentes vivendo nas vias públicas, porém, é possível encontrá-los trabalhando para os pais. Trabalhamos com oficinas e assistência social para tentar dar um rumo a essas pessoas”, afirmou a coordenadora do programa.

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Jornal da Paraíba

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