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CULTURA

Um palco de várias MPBs

Com dois CDs, um DVD, textos e uma entrevista exclusiva, box resgata o Festival não competitivo Phono 73 e suas vozes.

Publicado em 11/09/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 17:23

Em 1973, a Phonogram (atual Universal Music) tinha um elenco majestoso de artistas: Chico Buarque, Jorge Ben (ainda sem o ‘Jor’), Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Nara Leão, Maria Bethânia, MPB-4, Toquinho e Raul Seixas, entre tantos outros, todos no auge de suas carreiras.

O executivo André Midani havia acabado de chegar à gravadora – inchada com uns 150 artistas – e sua primeira decisão foi reduzir esse elenco para 1/3 de ótimos cantores e grupos, deixando os bons de lado. Para mostrar a força de seu elenco, Midani organizou um festival não-competitivo, o Phono 73, surgido na ressaca dos competitivos, que deixaram de existir em 1972.

Há 40 anos, Phono 73 vem sendo revisitado em disco. Lançado originalmente através de três LPs entre maio e junho daquele ano e relançado em três CDs em 1997, teve sua edição definitiva disponibilizada em 2005 através de um box contendo dois CDs, um DVD, textos e uma entrevista exclusiva com o executivo da gravadora.
Fora de catálogo até o mês passado – e alcançando R$ 300,00 no Mercado Livre – o box Phono 73 – O Canto de Um Povo (Universal Music, R$ 49,90) acaba de voltar às lojas com a mesma edição de 2005.

Pelo que se sabe, foi um grande festival, mesmo sob o olhar atento do Regime Militar. Sob a supervisão de Midani, nomes como Manoel Carlos (sim, o prestigiado autor de novelas), Guilherme Araújo e o iluminador Ziembinski atuaram nos bastidores do show, enquanto Roberto Menescal, Mazolla e Nelson Motta cuidavam dos discos.

Realizado ao longo de três noites em maio de 1973 no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo, Phono 73 foi valioso na medida em que mostrava a formidável safra daquele período. Mais do que isso: registrava o período de transformação da música brasileira, como sinaliza o texto do jornalista Tárik de Souza (‘Documentário de uma época em transe’) e confirma o manifesto original do LP, ambos presentes no box.

“A Phono 73 é a expressão viva de nossa posição e disposição diante da música que se faz hoje no Brasil. Venha de onde vier, seja feita por quem for, de que forma for. Canto aberto. Para todos que quiserem ouvir”, diz um trecho.

“Ele diz muito do projeto e no fundo é uma análise do que aconteceu em 1973”, avalia Célio Albuquerque, sobre o manifesto. “Muito tempo depois, ao reler o manifesto, percebemos que a análise era correta: 1972 fecha um ciclo e 1973 abre outro que vivemos até hoje”, acrescenta o jornalista carioca que organiza o livro 1973 – O Ano Que Reinventou a MPB, coletânea de ensaios sobre 50 discos (Phono 73 é um deles) que chegará às lojas no final de outubro pela Sonora, braço editorial do selo Discobertas.

Essa carga de inovação e pluralidade é claramente perceptível através do repertório oferecido nos dois CDs, 32 números protagonizados por gente como Wilson Simonal (‘Hino ao senhor’), Toquinho e Vinícius de Moraes (‘Regra três’, ‘Samba de Orly’), Ronnie Von (‘Vai depressa’), Erasmo Carlos (‘Me acende com teu fogo’) e até um curioso dueto entre cult Caetano Veloso e o brega Odair José (‘Vou tirar você desse lugar’).

Some-se aos dois CDs - remixados e remasterizados – um DVD histórico. Em pouco mais de meia-hora, o DVD mostra trechos das apresentações daquele festival, igualmente restaurados. Alguns números estão completos, mas nem todos os artistas presentes no CD aparecem no vídeo.

“O show foi captado em película 35 milímetros, com seis câmeras Arriflex. Naquela época, como hoje, o negativo virgem era muito caro. Por esse motivo, não foi possível filmar todo o espetáculo. Elegemos, então, alguns números que mostravam um painel das várias tendências musicais do momento”, justifica o diretor Guga Oliveira.

Há grandes momentos no DVD: Elis Regina cantando ‘Cabaré’; Sérgio Sampaio botando seu bloco na rua; a performance eletrizante de Gal Costa para ‘Sebastiana’ (famosa com nosso Jackson do Pandeiro); Raul Seixas emendando ‘Tutti frutti’ com ‘Let me sing, let me sing’ e ‘As minas do Rei Salomão’ e Caetano se ajoelhando aos pés de Jorge Ben Jor em meio a uma farra envolvendo Gil sob as músicas ‘Jazz potatoes’ e ‘Filhos de Gandhi’.

Mas o grande momento do DVD é ‘Cálice’, com Chico Buarque e Gilberto Gil, autores da música. Chico tentou driblar a censura, dedilhando as harmonias da canção enquanto Gil preenchia a letra com onomatopéias. Quando Chico tenta emplacar a letra, tem seu microfone cortado.

"Estão me aporrinhando muito”, esbraveja depois de desistir de tocar a música. “Esse negócio de desligar o som não estava no programa. Estava no programa que eu não posso cantar a música, nem 'Ana de Amsterdã’. Não vou cantar nenhuma das duas, mas desligar o som não precisava não”.

O desabafo pode ser visto na faixa bônus do DVD, transformada em videoclipe promocional do DVD.

Imagem

Jornal da Paraíba

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