Um pastoril para crianças

Atriz, cantora e agora autora teatral: a pernambucana Giselle Tigre, que o Brasil conheceu como a professora Linda da Malhação (Rede Globo) trocou os estúdios pelo palco. “Quando faço televisão eu acabo ficando ‘presa’ no Rio de Janeiro.

Escolhi abraçar o teatro neste momento”, conta a camponesa de Agora é Tempo, espetáculo que começou ontem, em Cabedelo (a 15 quilômetros de João Pessoa), a turnê do musical que hoje chega a Campina Grande.

Formada em jornalismo, mãe da pequena Maria, de sete anos, Giselle estreou na dramaturgia mergulhando em 80 cantos do universo do pastoril para extrair os 12 que compõem o fio condutor de uma peça inspirada em sua filha, que está sendo apresentada em espaços públicos e já percorreu cinco cidades do Rio Grande do Norte em um projeto de circulação financiado pela Petrobrás.

Em paralelo às apresentações, todas gratuitas, a atriz está fazendo um intercâmbio com os pastoris de cada cidade.

“Descobri várias canções que eu não conhecia”, diz ela. “O pastoril é uma fonte inesgotável que se perderá caso a gente não acesse para as novas gerações. Multiplicar isso é uma missão para mim”.

Segundo a atriz, Agora é Tempo começou, na verdade, no Dia das Crianças de 2008, como um show de canções que chegou a viajar o Rio de Janeiro, patrocinado por dois editais da Secretaria de Estado de Cultura do Rio. “No show eu já fazia algumas intervenções teatrais, recitando poemas de cordel e manejando malabares para dar um pouco mais de teatralidade”, lembra.

A ideia de ampliar o show para um espetáculo teatral veio do incentivo que recebeu do marido, o artista plástico Marcelo Gemmal. “Foi por causa dele que eu me arrisquei, muito influenciada pela relação com a minha mãe que, por sua vez, estava influenciando a relação com a minha filha. A história foi uma inspiração divina, que caiu do céu em minha cabeça como uma epifania”.

Na “epifania”, a personagem interpretada por Tigre abre um baú deixado por sua mãe cigana, uma "caixa de Pandora" cheia de surpresas. “Foi tão estimulante escrever esta peça que já estou pensando em outras”, sonha a recente dramaturga. “É gratificante perceber que, depois de anos como atriz e cantora, você pode abrir todo o leque de viagens que você fez, pegar toda essa bagagem e transformar em cultura, ser um agente transformador da realidade em que você vive”.

Durante os intercâmbios com os pastoris, Tigre está filmando depoimentos para um registro em vídeo que pode se converter, futuramente, em um documentário. Além disso, está empolgada para a gravação de um CD que pretende lançar em 2014 com músicas do compositor cearense Ednardo (autor da clássica ‘Pavão misterioso’).

“O CD vai se chamar Presente Perfeito e homenageia os 40 anos de carreira de Ednardo, que é um cantor que também precisa ser revisitado e ouvido pelas novas gerações", justifica.

"O título, 'Presente Perfeito', é uma outra forma de dizer ‘Agora é tempo’. Gosto de trabalhar a ideia do momento presente”.

Por quê? Giselle Tigre filosofa: “A gente pensa muito no futuro e está muito preso ao passado. O agora é o que temos de mais palpável. Quero expressar isso artisticamente para o meu público. É um idealismo meu”.

Confira a agenda de circulação do espetáculo:

Hoje, às 16h:
No Teatro Rosil Cavalcanti, em Campina Grande
Amanhã, às 18h
Na Praça da Paz (Bancários), em João Pessoa
Quinta-feira, às 16h
No Auditório Municipal, no Congo
Sexta-feira, às 21h
No Pátio da Igreja Matriz, em São Mamede

Entrada gratuita