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CULTURA

Um pequeno de voz grande

Com a saúde fragilizada e enfrentando um quadro de penumonia, cantor e compositor Nelson Ned morreu neste domingo (5).

Publicado em 07/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 22/05/2023 às 12:41

“Eu sou um intérprete de identificação mundial”, chegou a assinalar Nelson Ned em entrevista em 1982, que faz parte do livro Eu Não Sou Cachorro, Não (Record), de Paulo Cesar de Araújo.

O ‘Pequeno gigante da canção’ – apelido que ganhou do ator Paulo Gracindo (1911-1995) devido aos seus 1,12m e também nome da sua autobiografia lançada em 1996 – morreu na manhã do último domingo, aos 66 anos, devido a complicações de um quadro de pneumonia que o levou a ser internado no Hospital Regional de Cotia, em São Paulo, no sábado.

Na noite do mesmo domingo, o cantor e compositor mineiro foi cremado no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. A cerimônia contou com a presença do ator e cantor Moacyr Franco, dos filhos, parentes e amigos do artista e pastores.

Ned apresentava problemas de locomoção e de cognição em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) sofrido em 2003, além de ser diabético e estar com início de Alzheimer.

“(Eu) tinha tudo para não dar certo. Feio, pobre e pequenininho”, desabafou o mineiro em depoimento ao documentário Vou Rifar meu Coração (Brasil, 2011), dirigido por Ana Rieper. “E Deus me levantou. Me tirou do pó: da cocaína e do pó do chão. Isso é um milagre”.

Mesmo tendo ‘rótulo’ de lado brega da MPB, junto com nomes como: Reginaldo Rossi (1944-2013), Odair José, Moacyr Franco, Waldick Soriano (1933-2008) e Agnaldo Timóteo, Ned se considerava apenas um romântico. “O amor não é o encontro de orgasmos. É o encontro de almas. Eu sou romântico, sou um ser humano romântico”, frisou no documentário de Rieper.

Na sua carreira, nos anos 1970, Nelson Ned chegou a lotar, por três vezes, o Carnegie Hall (a tradicional casa de concertos nova-iorquina que, uma década antes, apresentou o mundo à bossa nova), além de ter sido o primeiro artista latino-americano a bater a casa de um milhão de discos nos Estados Unidos e a fazer sucesso no México, Colômbia, Argentina, Espanha, Portugal, Angola e Moçambique, entre outros países.

Mesmo sem acompanhar a sua trajetória, o escritor e jornalista mineiro Ruy Castro disse ao JORNAL DA PARAÍBA que, assim com o "Sentimental demais" Altemar Dutra (1940-1983), simpatizava com Nelson Ned. “Eles eram grandes vozes que utilizavam os recursos vocais como os grandes cantores românticos que eram. Não eram enganadores como o Roberto Carlos”.

O GABO COMO FÃ

De acordo com o livro de Paulo Cesar de Araújo, Eu Não Sou Cachorro, Não, o maior sucesso de Nelson Ned com dezenas de regravações, ‘Tudo passará’ (lançada originalmente em 1969), servia de trilha sonora junto com outra canção do brasileiro, ‘Se as flores pudessem falar’ (lançada em 1970), para o colombiano, Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez escrever sua Crônica de uma Morte Anunciada, romance publicado no começo dos anos 1980.

Há mais de 30 anos, no programa Conexo Internacional, da extinta TV Manchete, o cantor Chico Buarque de Hollanda indagou ao Gabo: “As suas preferências musicais causam espanto em muita gente, principalmente aqui no Brasil. Eu queria saber se os seus romances fossem música, seriam samba, tango, som cubano ou um bolero vagabundo mesmo?” Com elegância, o Nobel colombiano retrucou: “Eu gostaria que fossem um bolero composto por você e cantado pelo Nelson Ned”.

Entre seus sucessos estão também: ‘Tamanho não é documento’ (música em resposta às provocações do compositor carioca da bossa nova Ronaldo Bôscoli, que o chamava de “anãozinho ridículo”), ‘Não tenho culpa de ser triste’, ‘Caprichoso’, ‘Será, será’ e ‘Se eu pudesse conversar com Deus’. O ‘Pequeno gigante da canção’ vendeu cerca de 45 milhões de cópias de discos em todo o mundo.

Na década de 1990, o cantor e compositor se converteu à religião evangélica, investido em uma carreira como artista gospel, interpretando temas religiosos tanto em português como em espanhol.

“Hoje não sei se fico triste ou agradecido a Deus. Ele o tirou de uma situação terrível: incerteza, falta do palco, falta de rendimento. Era um momento delicado na sua vida”, relembrou o cantor Aguinaldo Timóteo ao portal G1. “Começamos juntos em Belo Horizonte. Depois, viemos para o Rio. Fizemos sucesso quase ao mesmo tempo. E ele se tornou celebridade no exterior. Ele sentia falta do reconhecimento”.

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Jornal da Paraíba

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