CULTURA
Um sopro de Gonzagão
As Bastianas e o Maestro do Forró da Orquestra da Bomba do Emetério, falam ao JP sobre a abertura do São João na capital.
Publicado em 22/06/2012 às 6:00
A abertura do São João de João Pessoa vai dar um sopro de renovação na obra de Luiz Gonzaga, no sentido mais literal da expressão.
Na noite dedicada ao Velho Lua no Ponto de Cem Réis, nesta sexta-feira, a partir das 18h, as duas principais atrações passam o verniz, cada uma à sua maneira, no fole da sanfona do Rei do Baião.
As Bastianas, que sobem ao palco logo após a Orquestra Sanfônica do Balaio Nordeste, fazem o esperado show cujo ensaio aberto, na última terça-feira, foi cancelado na Estação Cabo Branco devido às chuvas na capital.
Segundo Regina Negreiros, o dilúvio vai ser compensado por uma enxurrada de forró. "Estamos de repertório e figurino novos para o evento e vamos dar o melhor da gente para que o clima seja bem festivo e dançante".
Acompanhando as Bastianas, o sanfoneiro Lucas Carvalho puxa para si a responsabilidade de acompanhar sua professora, a vocalista Angélica Lacerda, no acordeon. "Ele é o menino dos olhos de Angélica e está fazendo uma de suas primeiras apresentações para pegar o traquejo do instrumento", comenta Regina.
Embora sem recorrer ao fole, traquejo é o que não falta à Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, que encerra a festa na sequência.
Segundo o Maestro Forró, que atua à frente dos músicos pernambucanos, a turma visita a vizinhança com o show 'Fole assoprado', uma homenagem inusitada a Gonzagão: "Adaptamos o repertório de Luiz Gonzaga aos instrumentos de sopro, traduzindo e reproduzindo o som da sanfona com os trombones, trompetes, trompas e saxofones".
O show tem oito anos de carreira no período junino e surgiu como uma alternativa ao repertório de frevo, ciranda, coco de roda, maracatu e caboclinho da orquestra.
No centenário do compositor, a apresentação foi reinventada com novos trajes para a banda e para a caracterização do 'personagem' Maestro Forró. "Vou sair dos bastidores vestido de Lampião e todos os naipes vão se parecer com uma grande quadrilha, com noivos e tudo", explica o maestro.
Segundo ele, a intenção é "desburocratizar e desmistificar" a figura do regente com um tipo performático, que interage com a orquestra e com o público.
"Em qualquer lugar que a gente vai, os maestros usam fraque. Os mais tradicionais são até meio surdos, se acham donos da verdade e fazem questão de separar os músicos da plateia", critica o artista, que tem o nome de Francisco Amâncio da Silva impresso em sua certidão de nascimento.
Francisco é o fundador da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, que eclodiu de um projeto social na comunidade do bairro de Água Fria (Zona Norte de Recife).
Em 2009, Maestro Forró lançou na companhia da megaband o show Jorrando Cultura em DVD e Blu-Ray. O registro foi feito após a passagem da orquestra pelo tradicional Teatro Santa Isabel. Em breve, os músicos partem para o exterior: em um projeto aprovado pelo Funcultura, a caravana visita países como a Turquia e a Macedônia.
Confira a programação desta sexta:
• 18h – Cantoria de viola, com João Paulo Bento e Pedro Firmino (cultura popular)
• 19h – Orquestra Sanfônica do Balaio Nordeste – Tocando Luiz Gonzaga (palco)
• 20h – Forró com Meire Lima (cultura popular)
• 21h – Bastianas (palco)
• 22h30 – Orquestra da Bomba do Hemetério (palco)
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