CULTURA
Um trip-hop do cassete
Liderado pelo norte-americano Rieg Rodig, banda Rieg mistura sonoridades e se destaca no cenário musical em João Pessoa.
Publicado em 18/09/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 17:37
Sensação da primeira edição do Indie Sessions, festival de bandas independentes realizado no Centro de João Pessoa no dia 7 de setembro, a banda Rieg se destaca por um som eletrônico pop, que mistura sonoridades inspiradas em grupos como Gorillaz, Fitz And The Tantrums, Tricky e Tobacco em um caldeirão de trip-hop.
Liderado pelo norte-americano Rieg Rodig, o trio tem nas influências estrangeiras um componente legítimo. Filho de um francês com uma paraibana de Campina Grande que se conheceram no Rio de Janeiro, Rieg nasceu nos Estados Unidos e se mudou para a Europa, morando na França e passando boa parte da adolescência na Alemanha.
Aos 28 anos de idade, Rieg é um nerd que aprendeu a tocar piano aos 4 anos, guitarra aos 14 e hoje é aficcionado por “brinquedinhos”, como gosta de chamar a parafernália eletrônica que o cerca no palco, entre eles um sampler SP404, um laptop, um Kaoss Pad ligado a um microfone adaptado de um telefone laranja, além de um Theremin revestido com a cabeça de uma boneca.
Assista ao JPTV e conheça a sonoridade da banda Rieg
Há oito anos morando em João Pessoa, ele tocou em bandas como Star 61 e Madalena Moog e concluiu Psicologia na Unipê. Em 2010, formou sua própria banda com Daniel Jesi (baixo), Felipe Augusto (guitarra) e Nildo Gonzales (bateria). No início deste ano, Felipe saiu para formar a Glue Trip e o trio remanescente se trancou no estúdio para conceber seu primeiro álbum: o conceitual 12:00.
Através de 12 faixas, 12:00 conta a história de um garoto de 12 anos que perde o pai e, ao vasculhar sua antiga coleção de fitas VHS, começa a conhecê-lo de uma maneira que jamais conhecera, mergulhando em uma viagem de risos, lágrimas, medos e alegrias. “No final, ele vai encarar o pai não como super-herói, nem como super-vilão, mas um ser humano que era somente um pai”, sintetiza Rieg.
O músico americano escreveu todas as letras – a maioria em inglês, mas também em alemão e francês. “A música é quem pede se é em inglês ou alemão”, comenta o letrista.
Já as harmonias foram surgindo do encontro dos integrantes. Idéias de Rieg se juntavam às de Daniel e Nildo dando forma às canções do disco, uma montanha-russa de sons com bases eletrônicas ora sutis, ora festivas, ora sombrias, pelo pouco que a reportagem ouviu no estúdio Mutuca, onde as faixas estão sendo gravadas. Mas, certamente, um trabalho de qualidade surpreendente.
As músicas são construídas sobre samplers, baixo e bateria, com timbres bastante processados eletronicamente. Para executá-las, os “brinquedinhos” de Rieg se unem a outros “brinquedinhos” de Daniel (como um sintetizador Electribe EMX1SD) e à bateria de Nildo, esta sem qualquer componente eletrônico. “A gente gosta muito dessa mistureba, do eletrônico com o orgânico”, admite Rieg.
Às músicas, somam-se imagens que Rieg recortou de sua própria coleção de antigos VHS. “Eu tive uma infância bem americana, muito na frente da TV, e você gravava qualquer coisa da televisão”, comenta. “Assistindo (as fitas) hoje, eu vejo muita coisa bizarra. Não sei como meus pais me deixavam assistir aquilo”, brinca o músico, entre risos.
As imagens complementam as músicas e vice-versa, e inicialmente, o grupo pensou em lançar o formato num pen drive, mas também pode adotar o formato CD+DVD. “Vai ter um material visual atrelado à parte conceitual”, avisa Daniel.
12:00 só deverá sair no ano que vem – cuidadosamente, o grupo trabalha na mixagem e na masterização das faixas. Mas até lá, o trio promete soltar algumas músicas na internet, através do site www.riegriegrieg.com e do perfil facebook.com/riegband
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