Um vampiro na Era Disco

A cabeça de Tim Burton é povoada de seres atípicos: já passaram pelas lentes do cineasta de cabelos desgrenhados um super-herói, cadáveres, fantasmas, extraterrestres, frankenstein jardineiro, contador de história, barbeiro vingativo, macacos falantes, o 'pior cineasta de todos os tempos' e até um empresário excêntrico de uma fábrica de chocolate.

Na sua essência gótica, chegou a batizar um vilão de Batman - O Retorno (1992) de Max Schreck, nome do ator alemão que interpretou o vampiro do clássico expressionista Nosferatu (1922), de F. W. Murnau. Mas, estranhamente, o diretor norte-americano nunca colocou um chupador de sangue como protagonista nas suas produções. Até agora.

Nesta sexta-feira, chega aos cinemas de João Pessoa e Campina Grande (somente em cópias legendadas e em 2D) a comédia de humor negro Sombras da Noite (Dark Shadows, EUA, 2012), oitava parceria do realizador com o ator Johnny Depp, desta vez encarnado pela primeira vez na figura de um vampiro.

No Século 18, um casal com seu filho fogem da cidade portuária que originaria Os Beatles, Liverpool, para começar uma nova vida na América. O garoto – batizado de Barnabás (Deep) – cresce e se torna um nobre que tem a seus pés a cidade de Collinsport, no Maine (estado que passa a maioria dos romances do 'mestre do terror' Stephen King). Um dia, ele parte o coração de Angelique (Eva Green, de Os Sonhadores), que revela ser uma bruxa e o transforma em uma criatura da noite, enclausurando Barnabás em um caixão e o enterrando 'vivo'.

Dois séculos depois, nos anos 1970, em plena 'Era Disco', Barnabás é libertado acidentalmente do seu túmulo. Ele retorna a Collinwood para descobrir que sua grandiosa propriedade se encontra em ruínas. O vampiro encontra os remanescentes da família Collins e tentar se adaptar ao 'novo mundo' à sua frente.

"Eu queria filmar Sombras da Noite porque o que faz o Barnabás tão especial é que ele é um vampiro muito relutante, o que torna tudo diferente", declarou Tim Burton em entrevista para o lançamento do filme nos Estados Unidos. "A ação se passa em 1972. Eu era um adolescente nessa época. A gente sempre tenta encontrar aquelas coisas pessoais que são referências para nós."

REPETECOS
Depois de Deep, quem ganha em colaboração com Tim Burton é a sua esposa, Helena Bonham Carter, que faz o papel da psiquiatra da família Collins. É a sétima participação da atriz inglesa. O diretor também convidou o octogenário e eterno Conde Drácula Christopher Lee para trabalhar com ele pela quinta vez.

Duas décadas depois de encarar a Mulher Gato em Batman - O Retorno, Michelle Pfeiffer volta a trabalhar com cineasta, desta vez como a matriarca do clã Collins.

Já os jovens atores Chloë Grace Moretz e Gulliver McGrath repetem em um curto espaço de tempo um trabalho juntos: o outro foi A Invenção de Hugo Cabret (2011), de Martin Scorsese.

TV E LITERATURA
Baseado na série de televisão estadunidense criada por Dan Curtis para a ABC, entre os anos de 1966 e 1971, chega às livrarias do Brasil este mês o primeiro romance (de dois) baseados no seriado cult: Sombras da Noite – A Vingança de Angelique (Geração Editorial, 552 páginas, R$ 49,90).

O livro é escrito pela atriz Lara Parker, que ficou conhecida por interpretar a sensual bruxa Angelique no seriado televisivo homônimo.

O foco central desta primeira edição é a vingativa personagem vivida pela atriz/autora de 75 anos, que é formada em arte dramática, filosofia e literatura.

A história começa na segunda metade do Século 18, na ilha de Martinica, no Caribe, e se estende até os anos 1970, nos Estados Unidos.

O livro mostra a vivência de Angelique entre os escravos que trabalham para seu pai, onde é forçada a se passar por uma 'deusa', passando pelo seu aprendizado na arte da feitiçaria e da obra completa de Shakespeare, até o encontro com o jovem burguês conquistador Barnabás Collins.

O segundo livro ainda não tem previsão de lançamento.