Um Varadouro Cultural

A partir de amanhã, o Centro Histórico de João Pessoa vai ganhar cara nova. O projeto 'Tudo de cor para você', parceria entre as Tintas Coral e a Prefeitura Municipal de João Pessoa, vai revitalizar as fachadas dos prédios centenários da região, dando novas cores ao patrimônio histórico da 3ª capital de Estado mais antiga do Brasil.

O projeto, que já passou por cidades como Porto Seguro (BA) e Paraty (RJ), chega a João Pessoa após uma campanha fomentada nas redes sociais pelo movimento Varadouro Cultural.

A reivindicação, realizada entre os meses de maio e junho do ano passado, foi só uma das várias articulações bem sucedidas do movimento, composto por 15 grupos que atuam na área do Centro Histórico.

Segundo Alexandre Soares, um dos produtores culturais envolvidos com o movimento, a intenção dos grupos é de tornar o Varadouro Cultural um 'Arranjo Produtivo Local' (APL) reconhecido pelo Prêmio Brasil Criativo, edital de fomento a iniciativas empreendedoras e inovadoras do Ministério da Cultura (MinC).

"O Varadouro Cultural agrega hoje uma série de coletivos, empreendimentos criativos, casas de show e grupos artísticos que se organizam em torno do Centro Histórico", conta Alexandre, da Parahybólica Cultural (agência especializada em gestão, produção e assessoria cultural, fundada este ano).

"É um movimento que está puxando um debate de integração cultural do Centro Histórico, formulando projetos socioculturais que abrangem da Praça Rio Branco até a Antenor Navarro, passando por um corredor cultural formado por logradouros como a Ladeira da Borborema e a Rua da Areia, pautando a revitalização de todo o Centro Histórico".

ORIGENS
Tudo começou em 2009, quando o Coletivo Mundo de música independente fundou sua sede (o Espaço Mundo) na Praça Antenor Navarro. Com uma programação cultural dinâmica (que incluía o Festival Mundo, cuja última edição foi realizada no Espaço Cultural José Lins do Rêgo), o coletivo voltou a atrair a atenção do público para a praça, que viveu uma efervescência cultural com a ocupação de espaços como a Fundação Casa de Cultura Cia. da Terra e a Casa de Musicultura.

Na época, o diálogo entre as lideranças culturais deu início ao Varadouro Cultural (antes chamado de Movimento Cultural Varadouro), uma interlocução que expandiu as bases de suas propostas - antes criticadas pelas suas limitações geográficas e segmentação cultural.

"Claro que ainda temos uma atuação forte na Praça Antenor Navarro, com eventos como o Grito Rock (organizado pelo Coletivo Mundo) e a Mostra de Teatro de Grupo (organizado pelo Grupo Ser Tão Teatro)", diz Alexandre Soares. "Mas também contamos com projetos como o 'Subindo a Ladeira' (organizado pelo Coletivo Sanhauá), que abarca a comunidade do Porto do Capim e um estrato social diferente do que geralmente frequenta as casas de show", conclui.

André Anterio e Juan Luca, do Coletivo Mundo, reforçam esta visão social: "Os projetos agora se concentram na formação de público e no envolvimento de uma cadeia produtiva formada por trabalhadores da região", diz o primeiro.