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CULTURA

Uma embolada pra ver como é

Zé do Bêlo está preparando seu terceiro trabalho baseado em fonogramas lançados originalmente entre as décadas de 1920 e 1940.

Publicado em 22/04/2014 às 8:00 | Atualizado em 23/01/2024 às 11:56

“Eu não sou uma gravadora, sou um selo”, define o cantor e compositor gaúcho Zé do Bêlo, que está preparando seu terceiro trabalho baseado em fonogramas lançados originalmente entre as décadas de 1920 e 1940. As raridades foram adquiridas oficialmente por ele através de editores ou dos herdeiros diretos dos compositores.

Dentre as 12 faixas presentes no disco A Moda Chegando Eu Vou Ver Como É, que tem previsão de lançamento para o mês de maio, estão nomes como Jararaca (‘Aguenta coco, mané’), Manezinho Araújo (‘Segura o gato’ e ‘Peixe do má’), Almirante (‘Vamos falar do Norte’ e ‘Castelo Branco’, esta última em parceria com Valdo Abreu), João da Baiana (‘Cabide de molambo’ e ‘Nicolau’, esta última com Ari Monteiro) e Canuto, em parceria com Noel Rosa (‘Esquecer e perdoar’) – um Poeta da Vila em início de carreira – e João de Barro (‘Vou à Penha rasgado’), que divide a ‘Batucada’ com Eduardo Souto.

“Desde o começo eu gostava de tocar coisas antigas”, relembra o músico, que veio morar em João Pessoa há pouco mais de um mês. “Tocava as mais conhecidas, mas o público acha que os medalhões são apenas Cartola e Noel”.

Com o desejo de resgatar composições mais antigas, Zé do Bêlo foi garimpar autores mais obscuros e desconhecidos. O músico descobriu o seu baú do tesouro através do acervo do Instituto Moreira Salles (IMS), órgão que detém direitos autorais de vários nomes, a exemplo da obra do compositor carioca Almirante (1908-1980).

O que não era editado pelas gravadoras, a procura fica mais difícil com a localização dos herdeiros vivos dos autores, detentores legais dos direitos autorais. Muitas músicas do repertório do pernambucano Manezinho Araújo (1913-1993), por exemplo, não chegaram a ser editadas.

VANGUARDISTAS
Durante sua minuciosa pesquisa, Zé do Bêlo atenta pela força criativa e sonora que possuía artistas como a dupla formada pelo cearense José Luis Rodrigues Calazans, o Jararaca (1896-1977), e o paraibano de Itabaiana Severino Rangel de Carvalho, vulgo Ratinho (1896-1972).

“É impressionante como eles eram criativos. Hoje em dia os cantores de embolada são todos iguais. O poder que o Jararaca tinha para embolar era impressionante”, elogia.

Mostrando as partituras originais de peças como ‘Aguenta coco, mané’, Zé do Bêlo chama a atenção pela improvisação até em estúdio de mestres como Jararaca, que não chegou a seguir à risca a composição que pedia o uso de um coro. Na nova versão feita pelo gaúcho, ele respeitou a obra e adicionou as vozes.

Outro destaque fica para a qualidade vanguardista dos artistas daquela época. O nome do CD, A Moda Chegando Eu Vou Ver Como É, foi tirado de um verso de ‘Peixe do má’, do Manezinho Araújo.

A divertida composição criada nos anos 1930 do pernambucano – famoso também pelos seus dotes culinários (chegou a inventar sobremesas como a Banana caramelada) – diz: “A moda chegando eu vou ver como é / Se hoje nos hômi quem manda é mulhé / As moça de hoje pra ter formosura / Só vivem atoladas dentro da pintura”.

No mundo onde o machismo imperava e o movimento feminista chegaria quase meio século depois, o pensamento de Manezinho Araújo era bastante atual. “As letras do Manezinho parecem ter sido escritas nos dias de hoje”.

Para cuidar dos arranjos do disco, Zé contou com o violonista e pesquisador Marco Pereira, produtor de estrelas da MPB como Gal Costa e Maria Bethânia. “Ele é um dos pilares do projeto”, conta.

Para apadrinhar o disco foi chamado o musicólogo Ricardo Cravo Albin, um dos maiores pesquisadores da Música Popular Brasileira, que assinou a apresentação do trabalho.

O jornalista especializado Cristiano Bastos cuidou da parte gráfica do disco e apresenta no encarte cada uma das canções.
Completam o CD as canções ‘Molha o pano’ (Getúlio Marinho e Cândido Vasconcelos) e ‘Casinha de marambaia’ (Henricão e Rubens Campos).

Imagem

Jornal da Paraíba

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