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CULTURA

Uma história americana

Com atraso de três semanas, drama ganhador de três estatuetas na cerimônia do Oscar, '12 Anos de Escravidão', estreia em JP.

Publicado em 13/03/2014 às 6:00 | Atualizado em 12/07/2023 às 12:18

“É uma história mundial. A escravidão era uma indústria mundial”, contou o realizador Steve McQueen durante o Festival de Londres, no início do ano, sobre 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave, EUA, Reino Unido, 2013), drama histórico que estreia com atraso de três semanas nas cinemas de João Pessoa.

Provavelmente, o filme entra em cartaz em virtude do seu desempenho no Oscar, onde ganhou três estatuetas douradas, incluindo de Melhor Filme. Apesar de ser ofuscado na cerimônia pelos sete prêmios de Gravidade, de Alfonso Cuarón (vencedor na categoria de Melhor Diretor), McQueen entrou para a história da Academia de Hollywood como o primeiro cineasta negro a dirigir um filme que levou o prêmio principal.

O longa é baseado no livro biográfico homônimo de Solomon Northup (que foi lançado recentemente no Brasil pela Cia. das Letras), publicado originalmente em 1853. Northup era um negro livre e letrado na Nova York de 1841, que foi sequestrado e vendido para o tráfico de escravos no Sul dos Estados Unidos, obrigado a engolir seu orgulho e trabalhar nas plantações de algodão das fazendas da Louisiana.

“Queria fazer um filme sobre esse assunto e descobri este livro que me impressionou”, aponta o diretor britânico. “Eu não acreditei que não o havia lido antes. Não só eu, mas ninguém conhecia essa biografia. Você acha que tem ideia do que foi a escravidão, mas na verdade não tem”.

A produção conta com o britânico Chiwetel Ejiofor (de Filhos da Esperança) como protagonista. O ator foi indicado ao Oscar, perdendo para Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas, ainda inédito na Paraíba). O elenco ainda conta com Lupita Nyong'o (que também está em cartaz no thriller Sem Escalas), Benedict Cumberbatch (Star Trek - Além da Escuridão), Brad Pitt (que também assina a coprodução do filme) e Michael Fassbender (indicado como coadjuvante), que já trabalhou com o diretor em Fome (2008) e Shame (2011).

O período de escravatura norte-americana é um tema pouco abordado por Hollywood, cujo assunto foi tocado em produções como Amistad (1997), de Steven Spielberg, e Tempo de Glória (1989), de Edward Zwick.

“Eu estou hoje aqui como um indivíduo porque membros da minha família passaram pela escravidão”, desabafou Steve McQueen, em Londres.

JP Crítica

Indicado a nove prêmios Oscar, 12 Anos de Escravidão levou três: Melhor Filme, Atriz Coadjuvante (Lupita Nyong'o, brilhante) e Roteiro Adaptado. No páreo também estavam Chiwetel Ejiofor, por Melhor Ator, e Steve McQueen, por Melhor Diretor. Os dois também mereciam a estatueta.

Sob a habilidosa direção de McQueen, Ejiofor consegue transmitir a dor, frustração e revolta não só de Solomon Northup, o homem livre que caiu no conto do vigário e se tornou escravo por 12 anos, mas de todo o povo escravizado na América do século 19.

Em determinado momento, Solomon ataca um capataz racista. Espera a rebordosa. Steve McQueen sustenta a câmera em close no rosto de Chiwetel por quase um minuto. Tempo suficiente para que o ator consiga imprimir a angústia do personagem apenas com a expressão facial. Ator brilhante.

O diretor também aplica ao filme sua assinatura. Ao sair da direção intimista de seus dois filmes anteriores - Fome e Shame – ele foca sua câmera no espaço aberto, captando a beleza triste dos campos sulistas, algo que traduz bastante o tom do filme.

Em um plano sequência memorável, Solomon é enforcado numa árvore. Fica lá, agonizando até ser salvo, enquanto o mundo ao seu redor permanece inalterado em seu cotidiano, como se ele sequer existisse. Tudo isso é dito sem uma palavra sequer. O diretor é um mestre.

Aliás, todo o elenco se porta muito bem – incluindo um surtado Michael Fassbender (foto) como hipócrita fazendeiro religioso, papel que lhe valeu uma indicação de Melhor Coadjuvante – e o filme tem uma condução digna de ser estudada quadro a quadro, com cenografia, figurino e roteiro impecáveis.

12 Anos de Escravidão é, para uma parte rude da história americana, o que A Lista de Schindler, lançado exatos 20 anos antes e também vencedor do Oscar de Melhor Filme, é para o Holocausto: um retrato sem floreios de como a humanidade foi cruel para com seus semelhantes.

A diferença está no ponto de vista e na forma: enquanto o filme de Spielberg partia do herói e dava um acabamento solene à trama, o de McQueen é corajosamente mais visceral, sofrido e doloroso a partir da vítima, uma voz que são muitos, como o cinema jamais ousou mostrar.

Imagem

Jornal da Paraíba

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