Usina Lumière exibe filme de Carné

A Usina Lumière está firmando a tradição de exibir em suas sessões filmes banidos na França pré-Segunda Guerra: depois de A Regra do Jogo (1939), escolha do mês passado, o cineclube da Usina Cultural Energisa exibe hoje em João Pessoa O Trágico Amanhecer (Le Jour Se Lève, França, 1939).

A sessão será às 19h30, na Sala Vladimir Carvalho. A entrada é gratuita.

O longa de Marcel Carné (1906-1996) foi banido na França no ano seguinte ao seu lançamento, quando o país estava sob o regime de Philipe Pétain, que considerou que a película atentava contra a moral das tropas francesas que fizeram frente à ameaça nazista.

A ficção é um longo flashback do operário François (Jean Gabin, que também trabalhou com Jean Renoir em A Grande Ilusão), que assassinou um homem em seu apartamento. Escondido no local enquanto a polícia cerca o local, François vai revelando sua relação com a vítima, o manipulador Valentin (Jules Berry), que sente ciúmes de François pela sua relação com duas mulheres: a florista Françoise (Jacqueline Laurent) e a assistente de Valentin, Clara (Arletty, que estrelou outras produções de Carné, como O Boulevard do Crime).

REFILMAGEM

Depois de proibido, o thriller desapareceu novamente das telas quando Hollywood refilmou a história em Noite Eterna (1947), um noir com Henry Fonda no elenco, e tirou as cópias de circulação. Uma delas reapareceu em 1950, quando Carné já o cineasta de Boulevard do Crime que os críticos da Cahiers du Cinéma alçaram a gênio. Contemporâneo de diretores como Jean Renoir (1894-1979), Carné (que era homossexual e trouxe o tema para muitos dos seus filmes) é um dos grandes realizadores do Realismo Poético europeu.