CULTURA
Val Donato lança 1º disco
Primeiro disco de 'Val Donato e Os Cabeças' será lançado nesta sexta-feira (12) em Campina Grande.
Publicado em 11/07/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:29
Val Donato escolheu o Dia Mundial do Rock – 13 de julho - para marcar um momento importante da sua carreira: o lançamento do seu primeiro e autoral CD, o homônimo Val Donato e Os Cabeças (independente).
O disco, rock ‘n’ roll da primeira à última faixa, será lançado amanhã, em Campina Grande, e no sábado que vem na Praça Rio Branco, em João Pessoa, em um evento da Funjope em homenagem ao Dia do Rock (veja detalhes na página 4). Ela se apresenta ao lado de sua banda, Os Cabeças.
Gravado ao longo de três anos no G&A Estúdio, em Campina Grande, com a produção e arranjos de Giordano Frag, Val Donato e Os Cabeças posiciona a cantora paraibana no universo do hard rock, com pegada firme e letras consistentes, revelando uma compositora habilidosa e com muito a dizer.
O disco evoca a sonoridade dos anos 1980. A cantora diz se inspirar em bandas como Legião Urbana, Cazuza e Barão Vermelho - tem até a participação de um autêntico integrante dos anos 80 do CD, o cantor e compositor Leoni, que faz dueto com ela em ‘Cargas’ – e, aqui e acolá, deixa escapar influências do grunge (em ‘Nem tanto, nem tão pouco’, ela canta parecido com Eddie Vedder, do Pearl Jam) e do funk-rock que dominou os anos 90 (vide ‘Café amargo’, que cheira a Red Hot Chilli Peppers).
Ela conta que tentou equilibrar o repertório entre baladas e “músicas mais agitadas”. “Mesmo as baladas vêm carregadas de guitarras, de muitos elementos de rock ‘n’ roll”, informa. “É um disco equilibrado e uma pessoa que não é fã de rock vai ouvi-lo sem achar um disco pesado”, garante.
Canções como ‘Pra que você goste’ quebram um pouco a hegemonia do rock no repertório, mesclando samba, salsa e até um drum ‘n’ bass.
“É uma mistura muito louca”, ri. “Eu não tenho muito medo de arriscar nesse tipo de coisa. Eu gosto muito de rock ‘n’ roll, mas na hora de compor, eu não me prendo a esse rótulo. São as minhas músicas, a minha pegada, e eu acho que a identidade está na linguagem, na forma de cantar, não nos rótulos”.
A sonoridade do disco remete a Cássia Eller (1962-2001), cantora que deu voz ao rock brasileiro dos anos 1990, mas não é algo intencional, segundo Val Donato. “Se existe a referência, é algo que surgiu de maneira inconsciente”, rebate a cantora. “Talvez a referência surja através do Cazuza (influencia declarada da paraibana), que ela gravou bastante”.
Outra diferença em relação a Cássia Eller - apontada por Val -, é que a cantora carioca não compunha. Ao contrário, a paraibana assina as 12 canções do CD, dez delas, sozinha (com arranjos de Frag). ‘Nem tudo, nem tão pouco’ é dela com Toni Silva (Etnia) e Felipe Alcântara (Os Gonzagas) e ‘Casos noturnos’ (da trilha do longa-metragem Tudo que Deus Criou), é assinada por Val e Giordano.
A compositora nasceu no momento em que Val Donato largou o curso de Administração – por volta de 2005 – e resolveu se dedicar à música.
Ela queria gravar canções inéditas, dela ou de outros compositores. Como estes não apareceram de imediato, ela foi rabiscando algumas canções. Hoje, ela revela, já têm músicas para mais dois discos. "E já estamos trabalhando no segundo (disco)", entrega.
Da safra atual, há canções pungentes como ‘A ditadura do povo’. Escrita há mais de um ano e apresentada ao público no começo deste, a música ganhou fôlego nas redes sociais enquanto o Brasil explodia em manifestos.
“Algumas pessoas acharam que a gente tinha feito e gravado (essa música) na época dos protestos, que era oportunismo, mas eu a fiz há mais de ano e lancei em abril, ou maio. No ano passado, eu já fazia show com uma camisa escrita ‘Vivendo a ditadura do povo'. E a música nem fala de protesto, fala justamente do contrário, das pessoas que veem tudo isso acontecendo e fingem que não vêem”, rebate.
Para Val, o rock ‘n’ roll ainda tem muito a dizer. “Eu acho que o artista tem esse dever, de dar sua opinião em forma de arte”, afirma. “Eu, enquanto artista, procuro cumprir esse papel social, de apresentar as coisas que eu penso, não só em relação à política, mas também em relação à vida de maneira geral, como (nas músicas) ‘Nem tanto, nem tão pouco’, ‘Logo, logo’...”.
Nos shows dos próximos dias, além de músicas do disco, ela promete cantar autores locais, como Escurinho e Jonathas Falcão.
"É uma vontade que a gente tem, de valorizar os bons compositores daqui".
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