CULTURA
Versos Pornográficos: 'A vida tirou a calcinha pra mim'
Cantor e compositor paraibano Chico César mostra um outro lado do seu 'eu lírico' com o lançamento da coletânea 'Versos Pornográficos'.
Publicado em 03/01/2016 às 8:00
O Chico César 'poeta' e o Chico César 'cantor' caminham juntos, mas não são um só. “A poesia pra mim está mais no nosso modo de ser e viver do que uma atividade principal”. Lançado recentemente, Versos Pornográficos (Confraria do Vento, 48 páginas, R$ 43), o terceiro livro do paraibano, apresenta ao público o lado erótico e ambíguo de suas palavras, elogiadas aos montes por artistas como Maria Bethânia.
Escritos ao longo de sua vida, sem pretensão de estamparem as páginas de um livro, os poemas eróticos guardados nem mesmo eram lembrados por Chico. “Eu nem imaginava que faria um livro. A editora me propôs publicar uma obra e parei para pensar no conteúdo. Lembrei dos poemas que já existiam ao longo dos anos e que era algo que faria sentido, daria corpo”.
O 'ser poeta' de Chico César não é protagonista na sua carreira, mas o acompanha desde os anos adolescentes. “A gente desafiava uma sociedade careta com o movimento de poesia independente, recitando poemas no meio da rua”, disse o artista, relembrando que declamava versos no Ponto de Cem Réis todos os sábados.
Talvez como forma de ser tão direto quanto o título, Versos Pornográficos contém ilustrações exclusivas da húngara Sári Szántó. “Eu adorei os desenhos e acho muito saudável que esse aspecto da eroticidade venha das mãos de uma mulher. Outra coisa interessante é que – como são poemas íntimos, subjetivos – é bacana o fato de eu não a conhecer e vice-versa”.
O livro traz outra faceta de Chico César, mas não exclui o seu lado musical. No começo de 2015, ele lançou o disco Estado de Poesia após sete anos dedicado à gestão pública. “O álbum está dentro de uma trajetória mais previsível da minha vida. O livro é algo fora da minha rota, mas de forma alguma tira o foco da música.
A transgressão poética acontece no nosso cotidiano, vai para o dia a dia, para a música”. Cantarolando os versos "A vida tirou a calcinha pra mim / me dominar, me amar / me amarrar com sêda e cetim" ('Marcha das calcinhas'), o compositor reiterou o que havia dito. "Um pouco desse poeta do erotismo já está ali".
O LADO INFANTIL
O público adulto, entretanto, não é o único para o qual Chico César se dedica como autor. A versatilidade do artista aparece também no seu primeiro livro infantil, Agente Laranja e a Maçã do Amor (Escrituras). “O livro é lúdico e se passa no universo da Festa das Neves. Falamos sobre frutas, brincadeiras e do amor”. A obra está nos últimos preparativos e deve ser lançada já no primeiro semestre.
Apesar de primeiro livro para crianças, não é o único trabalho que tem voltado para este público. Em 2004 lançou os discos 'Marias do Brasil – A Nossa História Transformada em Fábula', em parceria com o grupo Barbatuques, e 'Amídalas', em conjunto com artistas como Lenine, Zélia Duncan, Zeca Baleiro e Vitor Ramil. Ambos foram gravados para compor a trilha sonora das peças teatrais de mesmo nome.
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