icon search
icon search
home icon Home > cultura
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

CULTURA

Vida e Obra

Em vida o Rei do Baião levou a música regional para o Brasil inteiro e deixou um legado precioso para artistas, músicos e escritores.

Publicado em 13/12/2012 às 6:00

No calor do Sertão pernambucano, veio ao mundo Luiz Gonzaga do Nascimento em 13 de dezembro de 1912. O segundo dos nove filhos do casal de lavradores Januário José dos Santos e Ana “Santana” Batista de Jesus nasceu na Fazenda Caiçara, no município de Exu. De dia, o rígido pai Januário obrigava o filho a trabalhar a enxada na lavoura. À noite, era o filho quem observava o pai tocando a sanfona que consertava, animando os bailes da região.

Não demorou para o jovem Luiz tomar gosto pela sanfona e, ele próprio, animar as festas das cercanias, apesar dos protestos da mãe. Aos 18, enamorou-se pela filha de um coronel, para desespero dos pais que reprovavam a relação. Triste com a impossibilidade do romance, acabou fugindo para Crato (CE) a fim de servir ao Exército. Depois de nove anos viajando pelo país, deu baixa e foi para o Rio de Janeiro (RJ). Lá, dedicou-se de corpo e alma à música. Arriscou choros, sambas e foxtrotes na zona do baixo meretrício e chegou a se apresentar no programa de Ary Barroso, onde foi reprovado até que assumisse as origens sertanejas e apresentasse sua canção ‘Vira e mexe’. O sucesso lhe valeu um contrato com a gravadora Victor e, mais na frente, um contrato com a Rádio Nacional.

Nascia aí o artista que todos nós conhecemos. Pelas contas do Gonzagão Online, Seu Lua, como também era conhecido, gravou 627 músicas em 266 discos, com destaque para parcerias com Humberto Teixeira (1915-1979) e Zé Dantas (1921-1962). Depois de alcançar a glória e ensinar o Brasil a dançar o baião, caiu no ostracismo, quando sua sonoridade regional perdeu força para a bossa-nova, o Tropicalismo e outros gêneros urbanos que foram tomando conta do cenário musical brasileiro.

Voltou ao Nordeste, fazendo um circuito de shows pelo interior até ter “resgatado” pelo filho Gonzaguinha (1945-1991), célebre sambista carioca com quem tinha uma relação um tanto tumultuada. A partir daí, o Rei do Baião permaneceria no trono até sair de cena, em 1989.

Elba Ramalho, cantora

O maior ensinamento que Luiz Gonzaga deixou foi o respeito pela cultura popular e nordestina. Ele se foi fisicamente, mas sua alma permanece no artista que cultiva seu trabalho e em todas as manifestações juninas espalhadas por todo o Nordeste".


Dominguinhos, músico

Posso dizer que essa é a maior lacuna que a música brasileira sofreu. 80% da autenticidade musical do Nordeste se foi com ele. A sorte é que artistas como eu, Elba Ramalho, Flávio José, Clemilda, Rogério, Sergival e outros tantos nordestinos mantêm-se fiéis ao legado que ele deixou".

Marcelino Freite, escritor

Minha mãe cantava 'Asa Branca' enquanto cozinhava. Ela foi uma das pessoas que mais influenciaram a minha literatura porque muito do que eu escrevo tem sua fala, seu jeito de cantar e de se agoniar. E, quando estava muito triste, ela não cantava. Nesses dias, chutava a galinha, batia panela, mandava o cachorro ir para o diabo. (...) Mas, quando estava contente, cantava Luiz Gonzaga: Quando oiei a terra ardendo, qual fogueira de São João... Agoniados, meus personagens também batem panela e chutam cachorro. E, quando estão felizes, recorrem ao lirismo do Luiz Gonzaga".


Carlos Marcelo, escritor

Todo fim de tarde, quando morava no bairro do Miramar, em João Pessoa, saía para jogar futebol na rua e, ao voltar, na hora da janta, escutava as rádios tocando os grandes sucessos do momento. Entre 1974 e 1975, lembro que as rádios AMs tocavam incessantemente duas músicas de Luiz Gonzaga: "O fole roncou" (Nelson Valença e Luiz Gonzaga) e "Fogo pagou" (Rivaldo Serrano). Eu tinha cinco anos e lembro que a primeira música, "O fole roncou", eu achava explosiva, contagiante, arrebatadora".


Rosualdo Rodrigues, escritor

Eu tinha uns 9, 10 anos. Por volta, portanto, de 1971, justamente aquele período em que Gonzaga se encontrava esquecido pela mídia de Rio e São Paulo e focou a carreira no Nordeste, se apresentando em shows como o que vi, em Patos. Ele cantava em cima de um caminhão, num patrocínio de Dubom, 'o fumo de cabra macho'. Nessa época, lembro que a voz do Rei do Baião estava muito associada ao comercial do fumo, que passava com frequência no rádio. Isso me faz perceber, hoje, como o carisma dele era forte, porque o jingle era popular como se fosse uma música dele"

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp