"Vou fazer festa!"

Zélia Duncan está em clima de festa. Uma das protagonistas da 21ª edição do Prêmio da Música Brasileira, que apresentou ao lado de Adriana Calcanhotto e no qual recebeu dois troféus (o de melhor cantora e o de melhor álbum por Pelo Sabor do Gesto), a intérprete participa hoje, às 23h, do 14º Festival de Artes de Areia com um show especialmente adaptado para o palco principal do evento.

"Os shows ao ar livre têm um aspecto de festa diferente de um teatro fechado", diz Zélia em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA. "Vou para fazer festa", confirma a cantora, que interrompe a turnê de Tudo Esclarecido (2012), CD que fez em homenagem ao ídolo Itamar Assumpção (1949-2003), para relembrar os hits que fizeram dela uma das vozes mais indefectíveis da música popular brasileira.

Zélia também está mais 'solta'. Desde 2012, ela incursionou-se também pela arte dramática e é a estrela de TôTatiando, espetáculo baseado na obra de Luiz Tatit, dirigido pela amiga Regina Braga.

"Meu prazer de estar no palco só fez aumentar: a proximidade com o teatro só reforça este sentimento", garante Zélia, que quase iniciou a carreira como vocalista de Itamar Assumpção: nos anos 1980, ela cogitou se mudar do Rio de Janeiro para São Paulo, onde pleitearia uma vaga na banda do ícone da vanguarda paulista.

"Isso não aconteceu, mas eu nunca vou deixar de me sentir uma delas (das cantoras de Itamar)", escreveu no texto de apresentação de Tudo Esclarecido. Neste mais recente trabalho, Zélia contou com a parceria da poetisa Alice Ruiz para completar com mais cinco composições o disco que já tinha oito de autoria do homenageado. Participaram das gravações os colegas Martinho da Villa e Ney Matogrosso.

À reportagem, Zélia Duncan falou também do assunto que o 14º Festival de Artes de Areia faz suscitar a partir do tema 'Paraíba Feminina de Cultura - Mulher é Arte': as questões de gênero que a sociedade atualmente debate.

Para ela, a sua maior contribuição às discussões se dá a partir da condução de sua carreira e da evidência que ela sempre conquistou. "Acho que, quando realizamos um trabalho e nos dedicamos a ele com coerência e consistência, estamos contribuindo", opina.

E finaliza colocando a música como veículo de expressão de ideias e citando outras mulheres que, para ela, são expoentes da música: "Tenho muito orgulho de ser mulher e de ter um espaço pra cantar o que penso e sinto, a música sempre será um instrumento poderoso. Chiquinha Gonzaga, Rita Lee, Cassia Eller e tantas outras não me deixam mentir!"

FESTIVAL MAIS LITERÁRIO

Os shows entram a madrugada no 14º Festival de Artes de Areia, depois da passagem de Zélia Duncan pelo palco principal. A partir da meia-noite, apresentam-se nos diversos polos do evento as bandas Jackson Envenenado, Pegada Nordestina e Orgahnza.

Como de praxe, porém, a programação vespertina do festival está repleta de atrações, algumas delas imperdíveis, como a participação da Companhia da Outra, do Rio de Janeiro, no Teatro Minerva, às 21h.

As atrizes Elisa Lucinda e Giovana Pires mostram o seu Recital à Brasileira ao público brejeiro, que terá a oportunidade de acompanhar um texto que foi selecionado para representar o país no Ano do Brasil em Portugal, em 2012.

Pouco antes, às 19h, na Câmara Municipal de Areia, a escritora Maria Prestes lança o livro Meu Companheiro: 40 Anos ao Lado de Luiz Carlos Prestes (Editora Anita Garibaldi). A viúva do militante comunista participa de uma mesa com a Secretária de Comunicação Estela Bezerra.

Também às 19h, o Grupo Barracão de Teatro, de São Paulo, apresenta A Julieta e o Romeu na tenda de circo do Polo 'Armaria Mainha'. Haverá ainda apresentações de cultura popular.